sexta-feira, 30 de setembro de 2011

30 de Setembro - São Jerônimo (Doutor da Igreja)



Caravaggio - 1606
Galleria Borghese - Roma

São Jerônimo é considerado entre os maiores Doutores da Igreja dos primeiros séculos. De cultura enciclopédica, foi escritor, filósofo, teólogo, retórico, gramático, dialético, historiador, exegeta e conhecedor como ninguém, das Sagradas Escrituras. Jerônimo nasceu na Dalmácia, hoje Croácia, por volta do ano 340.
Tendo herdado dos pais pequena fortuna, aproveitou para realizar sua vocação de amante dos estudos. Para este fim, viajou para Roma, onde procurou os melhores mestres de retórica e onde passou a juventude um tanto livre.
Recebeu o batismo do papa Libério, já com 25 anos de idade. Viajando pela Gália, entrou em contato com o monacato ocidental e retirou-se com alguns amigos para Aquiléia, formando uma pequena comunidade religiosa, cuja principal atividade era o estudo da Bíblia e das obras de Teologia.
Jerônimo tinha um caráter indômito e gostava de opções radicais; desejou, portanto, conhecer e praticar o rigor da vida monacal que se vivia no Oriente, pátria do monaquismo. Esteve vários anos no deserto da Síria, entregando-se a jejuns e penitências tão rigorosas, que o levaram aos limites da morte.

Guercino - 1641
Museu da Cidade - Rimini

Abandonando o meio monacal, dirigiu-se a Constantinopla, atraído pela fama oratória de São Gregório de Nazianzeno, que lhe abriu o espírito ao amor pela exegese da Sagrada Escritura. Estando em Antióquia da Síria, prestou serviços relevantes ao bispo Paulino, que o quis ordenar sacerdote. No entanto, Jerônimo não sentia vocação à atividade pastoral e quase nunca exerceu o ministério sacerdotal. Tendo que optar entre sua vocação inata de escritor e o chamamento à ascese monacal, encontrou uma conciliação entre estes extremos que marcaria o caminho de sua vida: seria um monge mas um monge para quem o retiro era ocasião para uma dedicação total ao estudo, à reflexão, à férrea disciplina necessária à produção de sua obra, que queria dedicar toda à difusão do cristianismo.
Dentro desta vocação e severa disciplina, estudou o hebraico com um esforço sobre humano e aperfeiçoou seus conhecimentos do grego para poder compreender melhor as Escrituras nas línguas originais.
Chamado a Roma pelo Papa Damaso, que o escolheu como secretário particular, recebeu do mesmo a incumbência de verter a Bíblia para o latim, graças ao conhecimento que tinha desta língua, do grego e do hebraico. O papa, de fato, desejava uma tradução da Bíblia mais fiel em tudo aos textos originais, traduzida e apresentada em latim mais correto, que pudesse servir de texto único e uniforme na liturgia. Pois até aquele tempo existiam traduções populares muito imperfeitas e diversificadas, que criavam confusão.

Guercino - séc. XVII
Castelo de Weissenstein

O trabalho de São Jerônimo começado em Roma durou praticamente toda sua vida. O conjunto de sua tradução da Bíblia em latim chamou-se "Vulgata" e foi o texto usado largamente nos séculos posteriores, tornando-se oficial com o Concílio de Trento e só cedeu o lugar ultimamente às novas traduções, pelo surto de estudos lingüístico-exegéticos dos nossos dias. Na tradução, Jerônimo revela agudo senso crítico, amor incontido à Palavra de Deus e riqueza de informações sobre os tempos e lugares relativos à Bíblia.
Em Roma, criou-se em torno de Jerônimo amplo círculo de amizades, sobretudo de maratonas da alta sociedade que o ajudavam com seus recursos para custear seus trabalhos e que lhe orientava nos ásperos caminhos da santidade de cunho monástico.

Lorenzo Lotto

Desgostado por certas intrigas do meio romano, retirou-se para Belém, onde, vivendo como monge rigidamente penitente, continuou até a morte, seus estudos e trabalhos bíblicos. Faleceu em 420, aos 30 de setembro, já quase octogenário.
São Jerônimo foi uma personalidade vigorosa, de inteligência extraordinária, de temperamento indomável. Teve uma correspondência literária muito vasta, de grande interesse histórico; ele se sentia presente e engajado como escritor em todos os problemas doutrinários do seu tempo. Foi declarado padroeiro dos estudos bíblicos e o "Dia da Bíblia" foi colocado exatamente no último domingo de setembro, coincidindo com a data de sua morte. Ele deixou escrito: "Cristo é o poder de Deus e a sabedoria de Deus, e quem ignora as Escrituras ignora o poder e a sabedoria de Deus; portanto ignorar as Escrituras Sagradas é ignorar a Cristo".
Anônimo flamengo do séc. XVI
coleção particular

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

29 de Setembro - Santos Miguel, Gabriel e Rafael (Arcanjos)

Michele Tosini
Abadia de Passignano - Itália

Arcanjo (do grego: αρχάγγελος) é o nome dado ao anjo que ocupa a segunda classe da hierarquia celestial religiosa. Arcanjos existem em diversas tradições religiosas, como o judaísmo, o cristianismo e o islamismo. A Bíblia cita apenas o nome de um deles: Miguel. Ao contrário do que muita gente pensa Gabriel é citado e nomeado como sendo um anjo, e não um arcanjo. No entanto há outras teorias a respeito em outras crenças e religiões, e outros arcanjos são reconhecidos tanto pelos judeus quanto por alguns cristãos. O Livro de Tobias menciona Rafael, que também é considerado por muitos um arcanjo. Tobias faz parte do cânone católico da Bíblia, e da Septuaginta ortodoxa; o livro, no entanto, é considerado apócrifo pelos fieis e praticantes de outras fés. Os arcanjos Miguel, Gabriel e Rafael são venerados na Igreja Católica Romana no dia 29 de setembro (Miguel, anteriormente, em 24 de março). Os arcanjos cujos nomes são mencionados na literatura do Islão são Gabriel, Miguel, Rafael e Azrael. Outras tradições identificam um grupo de Sete Arcanjos, cujos nomes variam, dependendo da fonte.
Francesco Botticini - 1470
Os Arcanjos e Tobias



Arcanjo São Miguel
Miguel significa: "Quem como Deus?" é o defensor do Povo de Deus no tempo de angústia. É o padroeiro da Igreja universal e aquele que acompanha as almas dos mortos até o céu.
Anônimo - 1615
Museu de Artes - Cidade do México

Guido Reni - 1636
Igreja de Nossa Senhora da Conceição - Roma

São Gabriel
Gabriel significa "Deus é forte" ou "aquele que está na presença de Deus". Aparece no assim chamado evangelho da infância como mensageiro da Boa Nova do Reino de Deus, que já está presente na pessoa de Jesus de Nazaré, nascido de Maria. É ele quem anuncia o nascimento de João Baptista e de Jesus. Anuncia, portanto, o surgimento de uma nova era, um tempo de esperança e de salvação para todos os homens. É ele quem, pela primeira vez, profere aquelas palavras que todas as gerações hão de repetir para saudar e louvar a Virgem de Nazaré: "Ave, cheia de graça. O Senhor é convosco". 



Arcanjo São Rafael
Rafael que quer dizer "medicina dos deuses" ou "Deus cura". Foi o companheiro de viagem de Tobias. É o anjo benfazejo que acompanha o jovem Tobias desde Nínive até à Média; quem o defende dos perigos e patrocina o seu casamento com Sara. É ele quem cura a cegueira do velho Tobias. É aquele que cura, que expulsa os demônios. São Rafael é o companheiro de viagem do homem, seu guia e seu protetor nas adversidades.

Escola cuzquenha - séc. XIX



quarta-feira, 28 de setembro de 2011

28 de Setembro - Santo Eustáquio (Mártir)

Santo Estáquio
Albrecht Dürer - Pinacoteca de Munique

Não há informações seguras sobre a vida de Santo Eustáquio. Diz-se, porém, que Plácido – esse era seu nome antes da conversão – nasceu por volta da metade do século I d.C..
Nobre patrício romano, dedicado à arte das armas, atingiu alta patente no exército romano, ‘magister militum’, e, até onde se sabe, foi convocado pelo imperador Trajano e enviado à Ásia Menor. Ali comandou uma legião destinada a fazer manobras militares e se destacou por seu heroísmo. De acordo com a lenda, durante uma caçada, Plácido viu brilhar, entre os chifres de um cervo, uma cruz. Profundamente tocado, ele se converteu e consigo também se converteram sua mulher Teopista e seus filhos Teopisto e Agapito. Toda a família recebeu o batismo e Plácido, na ocasião, adotou o nome de Eustáquio.
A visão de Santo Eustáquio
Baldassare Pisanello - 1437
National Gallery - Londres

Depois disso, segundo alguns relatos, Eustáquio foi atingido pela desventura – em função das dificuldades decorrentes da conversão ao cristianismo, ele e sua família perderam todos os seus bens e tiveram que fugir de Roma. Refugiaram-se no Egito, onde sua esposa e seus filhos foram raptados.
Somente depois de alguns anos, quando reavivou-se a problemática do poder na Ásia Menor, o imperador Trajano mandou procurar o heróico general para que ele combatesse novamente à frente das tropas romanas. Eustáquio assumiu o comando e obteve vitórias tão importantes que foi acolhido novamente em Roma, onde reencontrou, com muita alegria, seus familiares desaparecidos.
No entanto, o sucessor de Trajano, o imperador Adriano, sucumbiu diante das acusações feitas a Eustáquio pelo fato de ele ser cristão e ordenou-lhe que oferecesse um sacrifício aos deuses de Roma. Eustáquio recusou-se e o imperador o condenou, junto à família, à morte por suplício dentro de um recipiente de metal incandescente em forma de touro.
miniatura do séc. XIII

Os restos do santo estão guardados, ainda hoje, em um sarcófago localizado sob o altar maior da Basílica romana, enquanto parte das relíquias são conservadas na igreja de Saint Eustache em Paris. 
Catedral de Chartes
Vitral da vida do santo
Simon Vouet - séc. XVII
Eustáquio e sua família elevados aos céus
Museu de Belas Artes de Nantes

terça-feira, 27 de setembro de 2011

27 de Setembro - São Vicente de Paulo (Confessor e Fundador)

São Vicente de Paulo nasceu em uma terça-feira de Páscoa, em 24 de abril de 1581, na aldeia Pouy, sul da França. Vicente foi batizado no mesmo dia de seu nascimento. Era o terceiro filho do casal João de Paulo (Jean de Paul) e Bertranda de Moras (Bertrande de Moras), camponeses profundamente católicos. Seus seis filhos receberam o ensino religioso em casa através de Bertranda.
Desde cedo destacou-se pela notável inteligência e devoção. Fez seus primeiros estudos em Dax, onde, após 4 anos, tornou-se professor. Isto lhe permitiu concluir os estudos de teologia na Universidade de Toulouse. Foi ordenado sacerdote, aos dezenove anos, em 23 de setembro de 1600.
Escola mexicana - séc. XVII
Igreja de Santa Prisca, Taxco

Ordenou-se padre e logo passou pela primeira provação: uma viúva que gostava de ouvir as suas pregações, ciente de que ele era pobre, deixou para ele sua herança - uma pequena propriedade e determinada importância em dinheiro, que estava com um comerciante em Marselha.
No retorno desta viagem a Marselha, em 1605, o navio em que se encontrava foi atacado por piratas turcos. Vicente sobreviveu ao ataque, mas foi feito prisioneiro. Os turcos o conduziram a Túnis, onde foi vendido como escravo para um pescador, depois para um químico; com a morte deste, foi herdado pelo sobrinho do químico, que o vendeu para um fazendeiro, um renegado, que antes era católico e, com medo da escravidão, adotara a religião muçulmana. Ele tinha três esposas: uma era turca e, ouvindo os cânticos do escravo, sensibilizou-se e quis saber o significado do que ele cantava. Ciente da história, ela censurou o marido por ter abandonado uma religião que para ela parecia tão bonita. O patrão de Vicente arrependeu-se e propôs a ele uma fuga para a França, que só se realizou dez meses depois, já em 1607.

Eles atravessaram o Mar Mediterrâneo em uma pequena embarcação e conseguiram chegar à costa francesa. De Aigues-Mortes foram para Avinhão, onde encontraram o Vice-Legado do Papa. Vicente voltou à condição de padre e o renegado abjurou publicamente, retornando à Igreja Católica. Vicente e o renegado ficaram vivendo com o Vice-Legado e, quando este precisou viajar a Roma, levou-os em sua companhia. Durante a estada na cidade, Vicente frequentou a universidade e se formou em Direito Canônico. E o renegado foi admitido em um mosteiro, onde se tornou monge.
gravura em metal - França, séc. XVII

O Papa precisou mandar um documento sigiloso para o Rei Henrique IV da França e Vicente foi escolhido como fiel depositário. Devido a sua presteza, o Rei Henrique IV nomeou-o Capelão da Rainha Margarida de Valois, a rainha Margot. Vicente era encarregado da distribuição de esmolas aos pobres e fazia visitas aos enfermos no hospital de caridade em nome da rainha. Após o assassinato de Henrique IV da França, em 1610, São Vicente passou um ano na Sociedade do Oratório, fundada pelo Cardeal Pierre de Bérulle. Mais tarde, padre Bérulle foi nomeado Bispo de Paris e indicou Vicente de Paulo para vigário de Clichy, subúrbio de Paris.

Vicente fundou a Confraria do Rosário e todos os dias visitava os doentes. Atendendo a um pedido de padre Berulle, partiu e foi ser o preceptor dos filhos do general das galés e residir no Palácio dos Gondi. Naquele período, a Marinha francesa estava em expansão e, para resolver o problema da mão-de-obra necessária para o remo, era costume a condenação às galés por delitos comuns. Vicente empenhou-se nesta missão, lutando por mais dignidade para estes prisioneiros, que viviam em condições sub-humanas. No trabalho em favor dos condenados às galés chegou até a se colocar no lugar de um deles para libertá-lo. As propriedades da família dos Gondi eram muito grandes e Vicente e a senhora de Gondi faziam visitas às famílias que residiam nestas propriedades. Foi assim que o Vicente percebeu como era necessária a confissão deste povo. Na missa dominical, ele fazia com o povo a confissão comunitária. Conseguiu outros padres para as confissões, pois eram muitos os que queriam esse sacramento. Vicente esteve nas terras da família Gondi por cinco anos. Foi a Paris e, mais tarde, a pedido do Padre Berulle, voltou para a casa dos Gondi por mais oito anos.
Sua piedade heróica conferiu-lhe o cargo de Capelão Geral e Real da França. Vendo o abandono espiritual dos camponeses, fundou a Congregação da Missão, que são os Padres Lazaristas, para evangelização do "pobre povo do interior". A Congregação da Missão demorou de 1625 até 12 de janeiro de 1633 para receber a Bula do Papa Urbano VIII, reconhecendo-a.
Em 1643, Luís XIII pediu para ser assistido, em seu leito de morte, por Vicente, tendo morrido em seus braços. A seguir foi nomeado pela Regente Ana d'Áustria, de quem era o confessor, para o Conselho de Consciência (para assuntos eclesiásticos dessa Regência).

São Vicente e Ana da Áustria - séc. XVIII
Igreja de Santa Margarida, Paris

Num apelo que o padre Vicente fez durante sermão em Châtillon, nasceu o movimento das Senhoras Damas da Caridade (Confraria da Caridade). A primeira irmã de caridade foi a camponesa Margarida Nasseau, que contou com a orientação de Santa Luísa de Marillac e que, mais tarde, estabeleceu a Confraria das Irmãs da Caridade, atuais Filhas da Caridade. De apenas quatro irmãs no começo, a Confraria conta, hoje, com centenas delas. Foi também ele o responsável pela organização de retiros espirituais para leigos e sacerdotes, através das famosas conferências das terças-feiras (Confraria de Caridade para homens).
Vicente recolhe e batiza um bebê abandonado
Igreja de São Severo, Paris

Muitos acham que a maior virtude de São Vicente é a caridade, mas sua humildade suplantava essa virtude. Sempre buscava o bem da Igreja. São Vicente de Paulo foi um pai dos Pobres e um reformador do clero. Segundo São Francisco de Sales, Vicente de Paulo era o "padre mais santo do século". Faleceu em 27 de setembro de 1660 e foi sepultado na capela-mãe da Igreja de São Lázaro, em Paris. Foi canonizado pelo Papa Clemente XII em 16 de junho de 1737. Em 12 de maio de 1885 é declarado patrono de todas as obras de caridade da Igreja Católica, por Leão XIII.

Corpo incorrupto do Santo
venerado na Capela de São Vicente
Rue de Sèvres, Paris

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

26 de Setembro - Santos Cosme e Damião (Mártites e Taumaturgos)

Anônimo siciliano - 1775
Igrja de São Cosmee Damião - Catânia

São Cosme e São Damião são santos católicos com grande culto no Brasil e no mundo. Seus nomes de batismo são Acta e Passio, nascidos na Arábia do século III, de família nobre e cristã. Os irmãos gêmeos estudaram medicina na Síria e exerciam a profissão gratuitamente. Com pais cristãos, usavam a cura como mecanismo de evangelização e caridade, levando aos doentes as palavras e ensinamentos cristãos Entre seus milagres estão a cura e a materialização (após a morte) para ajudar crianças vítimas de violência.

Por conta de seus conhecimentos científicos aliados à fé e aos ensinamentos, suas curas eram vistas como milagres. Por esse motivo, foram perseguidos e assassinados por ordem do imperador Diocleciano, grande perseguidor da doutrina cristã da época, por feitiçaria e associações com o demônio. Uma das versões afirma que foram jogados de um despenhadeiro. Em outras versões ouve-se que tentaram matá-los de várias formas, mas não conseguiram. Por fim foram degolados.
Fra Angélico - O martírio dos Santos
Convento de São Marcos - Firenze

Com sua morte os gêmeos se tornaram mártires e mais tarde santos, sendo nomeados pela Igreja Católica como São Cosme (que significa “o enfeitado”) e São Damião (“o popular”), num dia 26 de setembro, data em que se comemora o seu dia. Por associação, são os santos protetores dos médicos, farmacêuticos, gêmeos e crianças (nenhuma fonte é exata ao justificar esse último, dizem apenas que eles eram bons com as crianças).
Angelico Pradella - 1439

Teto da Baílica de São Cosme e Damião - Roma

domingo, 25 de setembro de 2011

25 de Setembro - São Sérgio de Rodonej (Abade)

Vida de São Sérgio
ícone russo - séc. XVII

Um dos santos mais queridos da Igreja Ortodoxa Russa é São Sérgio de Radonej cuja vida para incontáveis gerações de ortodoxos piedosos, jovens e anciãos, serviu como fonte de alimento espiritual.
Um bispo grego, contemporâneo de São Sérgio, duvidou dos muitos relatos que ouvira sobre a santidade do Sérgio e disse: "Pode haver tal como uma lamparina nesta terra e nestes últimos tempos". Desejoso de ver por si mesmo, ele partiu para Mosteiro de São Sérgio, mas "antes de ver o santo, ele foi atingido com a cegueira. O Santo levou-o pela mão, para sua cela, e o bispo confessou a sua incredulidade, implorando com lágrimas a cura. O Santo tocou seus olhos e o curou, exortando-lhe para que não fosse tentado como um simples monge. O bispo, agora iluminado, falou em voz alta em todos os lugares sobre ter visto um verdadeiro homem de Deus, um homem celestial, um Anjo na terrena.

São Sérgio nasceu em 1314 em Rostov de pais piedosos e devotos. Mesmo antes de seu nascimento, Deus operou um milagre sobre o futuro santo: ainda no ventre de sua mãe gritou em voz alta três vezes durante a Divina Liturgia. Seu biógrafo diz que a partir deste momento sua mãe "levou a criança em seu ventre como se fosse um tesouro precioso. Ela guardava-se de toda mancha de pecado, observando o jejum".
Batizado com o nome de Bartolomeu, o menino foi crescendo como um estudante pobre , incapaz de aprender a ler. Muitas vezes ele orou a Deus em segredo: "Ó Senhor, dá-me entendimento da aprendizagem!". Um dia, reuniu-se em torno de um santo ancião de aparência angelical, que lhe perguntou: "O que você está procurando, meu filho?" O rapaz respondeu que desejava acima de tudo ler e escrever. Assegurando-lhe que por sua fé o Senhor lhe daria a aprendizagem, o ancião na súplica do menino o acompanhou-o à casa de seus pais. Todos eles entraram na capela da casa e o ancião disse ao menino para ler em voz alta o Saltério. "Pai, eu não sei como", disse Bartolomeu. Mas o ancião ordenou-lhe para que lesse a palavra de Deus sem dúvida,  e o menino começou a ler com facilidade. Então predisse o ancião aos pais que seu filho seria uma habitação da Santíssima Trindade, que ele seria grande diante de Deus e dos homens, e que ele ensinaria aos outros uma vida virtuosa.
Aparição ao Jovem Bartolomeu
Mikail Nesterov - 1890
Galeria Tretjalov - Moscou

Algum tempo depois, caiu sobre Bartolomeu o cuidado de seus pais na velhice, uma tarefa que ele voluntariamente se comprometeu, apesar de querer tornar-se monge. Depois que seus pais morreram, abandonou o mundo e, juntamente com um de seus irmãos, refugiou-se na floresta para construir uma cela e uma pequena igreja dedicada à Santíssima Trindade. Seu irmão não conseguiu permanecer muito tempo com ele, e Bartolomeu continuou sozinho na floresta, aos 23 anos, onde recebeu a tonsura monástica com o nome Sérgio.
Tarde da noite, quando o Santo estava orando, escutou uma voz chamando: "Sérgio", abrindo a janela de sua cela, ele viu um brilho extraordinário no céu e uma infinidade de belos pássaros pairavam no ar.
São Sérgio e o urso pacificado
Mikail Nesterov - 1890
Galeria Tretjakov - Moscou

São Sérgio trabalhava na moagem de grãos, fazia pão, preparava alimentos e produzia velas, bem como sapatos e roupas para os outros monges. Multidões se reuniam com ele, desejavam fazer parte desta família crescente de monges. Quando dissensões surgiam, o Santo não entrava nelas, preferindo, como quando os monges não aceitavam a correção, ficar em silêncio ao invés de participar de qualquer discussão.
Uma vez, após a oração diante do ícone da Mãe de Jesus Cristo, um luz brilhou deslumbrante em cima dele e ele viu o Virgem, juntamente com os Apóstolos Pedro e João. A luz brilhante da visão era insuportável e ele caiu no chão. Mas a Mãe de Deus tocou-o, prometendo que estaria com ele e com o seu mosteiro durante sua vida e após ela.
ícone russo - séc. XIX

Ele faleceu no dia 25 de setembro de 1392, com 78 anos de idade. Após sua morte, o corpo exalava um perfume inefável, doce, e seu rosto resplandecia branco como a neve.
A Mãe de Deus manteve sua promessa a São Sérgio. Seu mosteiro é um dos últimos a permanecer aberto sob o jugo soviético, e inúmeros peregrinos continuam a venerar suas relíquias sagradas e seu corpo incorrupto. Hoje, a Lavra da Santíssima Trindade e São Sérgio tornou-se o coração espiritual da Igreja Ortodoxa Russa.

sábado, 24 de setembro de 2011

24 de Setembro - Nossa Senhora das Mercês

Nossa Senhora  e santos mercedários
Francisco de Zurbarán - séc. XVII

Na época da invasão da Espanha pelos mouros, houve uma grande perseguição aos cristãos e muitos eram aprisionados e escravizados. Conta a história, que uma noite Nossa Senhora apareceu em sonhos a três pessoas diferentes e convidou-os a fundar uma ordem que se ocupasse de proteger os cristãos escravos.
Nossa Senhora e santos mercedários

Essas três pessoas eram um militar de nome Pedro, um dos mais importantes teólogos da época chamado Raimundo e o próprio rei de Aragão, D. Jaime I. Pedro e Raimundo, em uma conversa casual, descobriram ter tido o mesmo sonho. Dispostos, então, a atender ao pedido da Senhora, foram falar com o rei e descobriram que ele também tinha sido um dos depositários do pedido. Começaram, então, a trabalhar para atender ao pedido que lhes havia sido feito. Um convento foi construído sob os auspícios do rei. Pedro, que mais tarde foi canonizado e recebeu o nome de S. Pedro Nolasco, foi o mestre geral da Ordem e Raimundo – que também tornou-se santo, ficando conhecido por São Raimundo de Peñaforte. Desse modo foi criada a Ordem de Nossa Senhora das Mercês para o Resgate dos Cativos, que recebeu a aprovação do papa e espalhou-se por toda a Europa e, mais tarde, pelas Américas. A devoção a Nossa Senhora das Mercês chegou ao Brasil em 1639.

imagem brasileira - séc. XVIII
Museu de Arte Sacra da Bahia

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

23 de Setembro - São Lino (Papa e mártir)

São Lino nasceu em 10 d.C. em Volterra, Toscana, Itália, e faleceu em 76 d.C.
Tertuliano indica São Clemente I como o sucessor de Pedro, no entanto, todos os outros autores são unânimes ao referir Lino como o segundo bispo de Roma, ainda que varie muito a data apontada para o início do seu pontificado. Muitas fontes indicam a data de 67, enquanto que Eusébio de Cesaréia indica 69, a Enciclopédia Católica refere 64, o Liber Pontificalis sugere 56 e o Catálogo liberiano refere 55. A discrepância pode ser explicada pelo fato de Lino poder já ter sido ajudante de Pedro durante a vida deste, o que pode levar alguns autores a anteciparem-se. Foi Bispo de onze a quinze anos. O "Catálogo liberiano" indica uma duração de pontificado de 12 anos, 4 meses e doze dias.
Considerando suas grandes virtudes como defensor da fé nos trabalhos apostólicos, seu zêlo ardentíssimo desenvolvia claramente a causa da Santa Igreja, principalmente no tempo que mais furiosa andava a perseguição. Além disto, enfrentou a feitiçaria e as primeiras chamas de heresia, que já tentavam se infiltrar no seio da Igreja para adulterar os preceitos da Religião de Cristo. Sagrou sacerdotes em duas ordenações e nomeou os primeiros quinze bispos, transmitindo a eles, com sua autoridade divina, os poderes apostólicos do clero católico nascente. Além de prescrever diversas outras normas fundamentais, estabeleceu, mediante decreto, que as mulheres, para entrarem na igreja, deveriam cobrir a cabeça com véu.

Antes, porém, que fosse eleito Papa, trabalhava pela salvação das almas ao lado de São Pedro, de quem era grande colaborador. Tanto foi assim que dele mesmo recebeu a missão de pregar na Gália (hoje França), a fim de levar a luz da fé às nações pagãs. Chegando àquelas terras, estabeleceu-se em Besanson, capital de Franco Condado. Graças ao apoio que tinha do tribuno Onósio, principal magistrado que tinha por missão lutar pelas causas do povo, São Lino acabou transformando-se em um homem público, exercendo preponderante papel junto a população.
Em pouco tempo tornou-se um líder influente, de grande capacidade intelectual. Dada as circunstâncias, aproveitou o terreno para plantar as sementes da verdadeira Religião, mesmo sabendo que os obstáculos, dificuldades e perseguições seriam inevitáveis. Por conseguinte, empreendeu intenso esforço para afastar o povo da idolatria e da adoração de deuses estranhos. Seus discursos eram duros, porém, verdadeiros e por isso, não tardou que acabasse sendo violentamente escorraçado da cidade. Era uma figura extremamente incômoda e inconveniente aos líderes pagãos, que diante da persuasão junto ao povo, temiam a perda de seu espaço.
Basílica do Vaticano

Em sua última prática na cidade de Besanson, São Lino criticou e repreendeu veementemente os idólatras, feiticeiros renomados e diversos pagãos, que ofereciam sacrifícios aos seu ídolos e seus deuses. "Cessai", disse o santo, "cessai de render adoração a tão vis criaturas". Os líderes presentes, percebendo que estavam prestes a cair em descrédito pela força de sua palavra, gritaram ao povo, dizendo que as insolências sacrílegas proferidas por Lino, iriam provocar a ira dos deuses e caso lhe dessem ouvidos, sério castigo se precipitaria sobre o povo. Continuando a esbravejar, incitaram o povo, que acabou investindo contra o santo mediante golpes, tendo sido expulso da cidade completamente ferido e também abandonado, até mesmo por aqueles que sempre o apoiaram. Dali retornou para Roma, onde permaneceu até ser escolhido como sucessor de São Pedro. As sementes que deixou para trás, germinaram com grande vigor, tanto que passaria a ser venerado pelo povo, tempos depois, em sua primeira Sede Episcopal de Besanson.
Reza a tradição que antes de ser crucificado, São Pedro ao transmitir-lhe a sucessão Papal, disse-lhe: "Tu és Pedro!", em alusão às palavras do Divino Mestre, quando lhe conferiu a primazia no governo da Igreja: "Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela" (Mt 16, 18).
Seu nome figura como uma das mais nobres vítimas das perseguições da Igreja primitiva. Exerceu o seu pontificado na mais intensa magnitude apostólica, desbravando terrenos pagãos e derrubando a idolatria, feitiçaria e todo o tipo de influência maligna que tentava estabelecer-se em território sagrado.
Relicário em ouro e prata - 1635
Catedral de Volterra, Itália

Foram-lhe atribuídos milagres e diversas curas, dentre as quais a da filha do cônsul Saturnino, considerada endemoninhada. E foi justamente o ingrato Saturnino quem proferiu sua sentença de morte. Diz-se que, influenciado pelos sacerdotes dos falsos ídolos, ordenou que São Lino fosse decapitado, fato consumado no dia 23 de setembro do ano 79.
São Lino foi enterrado na Colina do Vaticano, perto ao túmulo de São Pedro. No século VII foi encontrada uma inscrição junto ao confessionário de São Pedro que, provavelmente era o nome de Lino.

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

22 de Setembro - São Maurício e companheiros (Mártir)

São Maurício (Mauritius=Moorish) foi um legionário Romano, chefe da Legião de Tebas (vinda da cidade de Tebas (ou Karnak ou Luxor), no Alto Egito), sob o comando do imperador Romano Maximiano.
anônimo do séc. XIII
Catedral de Magdebourg

Enviado pela autoridade Romana para a Suíça (para o outro lado do mundo Romano), e estacionado em Agaune (que é hoje a cidade de Saint-Maurice), a Legião Tebana recebeu ordem de reduzir a insubordinação local à adoração aos deuses Romanos. Os membros locais da resistência eram Cristãos.Então, Maurício respondeu que ele e seus legionários Tebanos também eram Cristãos, por isso não poderiam perseguir outros Cristãos.
Esta objeção de consciência foi entendida pela autoridade Romana como um motim e foi imediatamente tratada como tal. Não se brincava com os Romanos sobre assunto de autoridade. O imperador Maximino enviou às pressas outras tropas para Agaune. Maurício e todos os seiscentos e sessenta soldados Tebanos da sua tropa foram massacrados.

Pantormo - 1532
Martírio de Maurício e companheiros
Galleria degli Uffizi - Florença

São Maurício e seus companheiros, primeiros mártires Suíços, eram Egípcios, isto é, Coptas. Todas as estátuas de São Maurício o mostram como um negro Africano, usando uma roupa de batalha de legionário Romano. Este sacrifício reforçou o Cristianismo que se espalhou pela Suíça, no coração da Europa, no início do século IV.
Romulo Cincinnato - 1583
Mosteiro El Escorial - toledo

A veneração de São Maurício conheceu grande devoção logo após o seu martírio. Com a queda do Império Romano, as inúmeras invasões germânicas e a conversão dos novos cristãos, os santos soldados eram muito caros aqueles que faziam o uso das armas como um elemento distintivo.
El Greco - 1580
Martírio de Maurício e companheiros
Mosteiro El Escorial - Toledo

A narração do martírio de uma inteira legião, cujo efetivo regular era composto de seis mil homens, neste caso 6660 em algumas versões da Passio, suscitou, também, o desejo de conhecer os nomes daqueles homens sacrificados com Maurício.
relicário do Santo
Mosteiro de São Maurício - Suíça

Para mais detalhes sobre os outros companheiros de Maurício, mártires da Legião Tebana, recomendo este site, em italiano: http://www.cartantica.it/pages/LegioneTebea.asp

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

21 de Setembro - São Mateus (Apóstolo e evangelista)

Carlo Dolci - séc. XVII
Paul Getty Museum

Na época em que a Palestina era apenas uma província romana, os impostos cobrados eram onerosos e pesavam brutalmente sobre os ombros dos judeus. A cobrança desses impostos era feita por rendeiros públicos, considerados homens cruéis, sanguessugas, verdadeiros esfoladores do povo. Um dos piores rendeiros da época era Levi, filho de Alfeu, que, mais tarde, trocaria seu nome para Mateus, o «dom de Deus». Um dia, depois de pregar, Jesus caminhava pelas ruas da cidade de Cafarnaum e encontrou com o cruel Levi. Olhou-o com firmeza nos olhos e disse: «Segue-me». Levi, imediatamente, levantou-se, abandonou seu rendoso negócio, mudou de vida, de nome e seguiu Jesus. Acredita-se, mesmo, que tal mudança não tenha realmente ocorrido dessa forma, mas sim pelo seu próprio e espontâneo entusiasmo no Messias.
Na verdade, o que se imagina é que Levi havia algum tempo cultivava a vontade de seguir as palavras do profeta e que aquela atitude tenha sido definitiva para colocá-lo para sempre no caminho da fé cristã. Daquele dia em diante, com o nome já trocado para Mateus, tornou-se um dos maiores seguidores e apóstolos de Cristo, acompanhando-o em todas as suas caminhadas e pregações pela Palestina. São Mateus foi o primeiro apóstolo a escrever um livro contando a vida e a morte de Jesus Cristo, ao qual ele deu o nome de Evangelho e que foi amplamente usado pelos primeiros cristãos da Palestina.

Jusepe de Ribera - 1632
Kimbell Art Museum

Quando o apóstolo são Bartolomeu viajou para as Índias, levou consigo uma cópia. Depois da morte e ressurreição de Jesus, os apóstolos espalharam-se pelo mundo e Mateus foi para a Arábia e a Pérsia para evangelizar aqueles povos. Porém foi vítima de uma grande perseguição por parte dos sacerdotes locais, que mandaram arrancar-lhe os olhos e o encarceraram para depois ser sacrificado aos deuses. Mas Deus não o abandonou e mandou um anjo que curou seus olhos e o libertou. Mateus seguiu, então, para a Etiópia, onde mais uma vez foi perseguido por feiticeiros que se opunham à evangelização. Porém o príncipe herdeiro morreu e Mateus foi chamado ao palácio. Por uma graça divina, fez o filho da rainha Candece ressuscitar, causando grande espanto e admiração entre os presentes. Com esse ato, Mateus conseguiu converter grande parte da população.


Na época, a Igreja da Etiópia passou a ser uma das mais ativas e florescentes dos tempos apostólicos. São Mateus morreu por ordem do rei Hirtaco, sobrinho do rei Egipo, no altar da igreja em que celebrava o santo ofício. Isso aconteceu porque não intercedeu em favor do pedido de casamento feito pelo monarca, e recusado pela jovem Efigênia, que havia decidido consagrar-se a Jesus. Inconformado com a atitude do santo homem, Hitarco mandou que seus soldados o executassem.
Martírio de São Mateus
Caravaggio - 1600
Igreja de São luis dos Franceses - Roma

terça-feira, 20 de setembro de 2011

20 de Setembro - Santa Cândida (Virgem e mártir)

A primeira referência sobre Santa Cândida foi encontrada no Calendário da Igreja de Córdoba e em alguns documentos da antida Galícia, ambas na Espanha. Mas, foi pela tradição cristã do povo napolitano, na Itália, que se concluiu a história desta Santa.
A vida cristã de Cândida iniciou quando ela foi convertida, segundo essa tradição, pelo próprio apóstolo Pedro de passagem por Nápoles. Naquela época o Apóstolo, com destino a Roma atravessou Nápoles onde a primeira pessoa que encontrou na estrada foi a pequena Cândida. Percebeu imediatamente que a pobre criança estava doente. Parou e lhe perguntou se conhecia a palavra de Jesus Cristo. Diante da negativa e em seu ardor de levar a mensagem do Evangelho, Pedro lhe falou da Boa Nova, da fé e da religião dos cristãos; curou-a dos males que sofria e a converteu em Cristo.
Assim Cândida foi colhida pela luz de Deus e curada do físico e da alma. Chegou em casa falando sobre o Cristianismo e contando tudo o que o Apóstolo Pedro lhe dissera. Muito intrigado e confuso, Aspreno, um parente que a criava, saiu para procurá-lo. Quando se encontraram, com muito zelo Pedro converteu também Aspreno, que o hospedou em sua modesta casa por alguns dias. O Apostolo acabou de catequizar os dois e, em seguida, os batizou e lhes ministrou a primeira Eucaristia durante a celebração da Santa Missa. Este local recebeu o nome de "Ara Petri", que significa Altar de Pedro. Depois, antes de partir, o Apóstolo consagrou Aspreno o primeiro Bispo de Nápoles e pediu para a pequena Cândida continuar com a evangelização, salvando as almas para Nosso Senhor Jesus Cristo.

Igreja de São Pedro as Aram - Nápoles

Aquele lugar onde fora celebrada a Santa Missa por São Pedro, tornou-se de grande veneração por Cândida. Ela deixou seu lar com todos os confortos, preferindo passar seus dias numa gruta escura nas proximidades de "Ara Petri". Ali vivia em penitência e oração, catequizando e convertendo muitos pagãos. Após alguns anos, o número de cristãos havia aumentado muito. Por isto, quando o imperador romano ordenou as perseguições contra a Igreja, os convertidos foram obrigados a fugir ou se esconder. Então, o Bispo Aspreno embarcou Cândida junto com outros cristãos, com destino à Cartago, no norte da África, tentando mantê-los a salvo da implacável perseguição, mas não conseguiu. Foram alcançados, presos e torturados. Cândida foi levada a julgamento e condenada a morte porque se negou a renunciar a fé em Cristo.


Batismo de Santa Cândida por São Pedro
azulejaria napolitana - séc. XVIII

Morte de Santa Cândida
azulejaria napolitana - séc. XVIII
Igreja de São Pedro as Aram - Nápoles

No Martirológio Romano, encontramos registrado que a virgem e mártir cristã Cândida morreu no Anfiteatro dos martírios de Cartago, no dia 20 de setembro. Suas relíquias, encontradas nas Catacumbas de Priscila, agora estão guardadas na igreja Santa Maria dos Milagres, em Roma.
Muitos séculos mais tarde, pesquisas arqueológicas feitas na cidade de Nápoles, encontraram no local "Ara Petri" um antigo cemitério de cristãos. O fato colocou ainda mais devoção sobre a figura de Santa Cândida, eleita pelos fiéis como padroeira das famílias e dos doentes.