Na história do catolicismo muitos foram os que pereceram, e ainda perecem, pagando com a própria vida a escolha de abraçar a fé cristã. Essa perseguição mortal, que durou séculos, teve início logo após a Ressurreição de Jesus. O primeiro que derramou seu sangue por causa de sua fé cristã foi Estevão, considerado por isso o "protomártir".
Vividos os eventos da Paixão e Ressurreição, os doze Apóstolos passaram a pregar o Evangelho de Cristo para os hebreus. A inimizade que estava apenas abrandada reavivou, dando início às perseguições mortais aos seguidores do Messias. Mas, com extrema dificuldade a eles fundaram a primeira comunidade cristã, que conseguiu se estabelecer como um exemplo vivo da mensagem de Jesus, o amor ao próximo.
Assim, dentro da comunidade tudo era de todos, tudo era repartido com todos, todos tinham os mesmos direitos e deveres. Conforme a comunidade se expandia, aumentavam também as necessidades, de alimentação e de assistência. Assim, os Apóstolos escolheram sete para formarem como "ministros da caridade", chamados diáconos. Eram eles que administravam dos bens comuns, recolhiam e distribuíam os alimentos para todos da comunidade. Um dos sete era Estevão, escolhido porque era "cheio de fé e do Espírito Santo".
Giotto - 1325
Porém, segundo os registros, Estevão não se limitava ao trabalho social de que fora incumbido. Não perdia a chance de divulgar e pregar a Palavra de Cristo, e o fazia com tanto fervor e zelo, que chamou a atenção dos judeus. Pego de surpresa foi preso e conduzido diante do sinédrio, onde falsos testemunhos, calúnias e mentiras foram a base de sustentação para a acusação. As testemunhas informaram que Estevão dizia que Jesus de Nazaré prometera destruiria o Templo sagrado e que também queria modificar as Leis de Deus transmitidas a Moisés.
Num discurso iluminado, Estevão repassou toda a história hebraica, de Abraão até Salomão, e provou que não blasfemara contra Deus, nem contra Moisés, nem contra a Lei e nem contra o Templo. Teria convencido e sairia livre. Mas, não, seguiu avante com seu discurso e começou a pregar a Palavra de Jesus. Os acusadores irados o levaram aos gritos para fora da cidade e o apedrejaram até a morte.
Martírio de Santo Estevão
gravura do séc. XVIII
Antes de tombar morto, Estevão repetiu as palavras de Jesus no Calvário, pedindo a Deus perdão para seus agressores. Fazia parte desse grupo de judeus um homem que mais tarde se soube ser o Apóstolo Paulo, na época ainda não estava convertido. O testemunho de Santo Estevão não gera dúvidas porque sua documentação é histórica, encontra-se num livro canônico, Atos dos Apóstolos, fazendo parte das Sagradas Escrituras.
Rodolfo Bernardelli
Pinacoteca do Estado de São Paulo
Por tudo isso, quando suas relíquias foram encontradas em 415, causaram forte comoção nos fiéis, dando início a um fervoroso culto de toda a cristandade. A festa de Santo Estevão é celebrada sempre no dia seguinte ao da festa do Natal de Jesus, justamente para marcar a sua importância de primeiro mártir de Cristo e um dos sete escolhidos dos Apóstolos.
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