segunda-feira, 8 de agosto de 2011

8 de agosto - São Domingos de Gusmão


Domingos nasceu no ano de 1170, em Caleruega, pequena localidade na Velha Castela. O pai, Félix de Gusmão, pertencia a uma família de alta linhagem na Espanha; a mãe era Joana de Aza. Antes de Domingos nascer, sua mãe, em sonho misterioso, viu um cão que trazia na boca uma tocha acesa, de que irradiava luz sobre o mundo inteiro. Efetivamente, São Domingos veio a ser uma luz extraordinária de caridade e de zelo apostólico, que dissipou grande parte das trevas das heresias e restabeleceu a verdade em milhares de corações vacilantes. Domingos, foi o nome dado à criança, devido à uma devoção que a mãe do santo tinha com São Domingos de Silos, do qual um dia teve uma aparição, comunicando-lhe os planos divinos em referência ao recém-nascido. A esse aviso extraordinário, os pais corresponderam com esmerada atenção na educação do filho. Domingos, pequeno ainda, deu provas de inclinação declarada às coisas de Deus.
Aos seis anos os pais o confiaram à direção de um tio, reitor de uma igreja em Gumyel. Sete anos passou Domingos na escola daquele sacerdote, aprendendo, além das primeiras letras, enfeitar os altares e cantar no coro. Decorrido este período, transferiu-se para Valência, cidade episcopal no reino de Leon, onde existia uma universidade que mais tarde, em 1217, transferiu-se para Salamanca.
Ambrosius Benson - Museu do Prado, Madrid

Durante o tempo dos estudos em Valência, seis anos, dedicou-se à arte retórica, além da filosofia e teologia. Acompanharam-lhe os trabalhos científicos às práticas da piedade, inclusive, severas penitências. Retraído por completo do mundo, visitava somente os pobres e doentes, protegia as viúvas e órfãos. Por ocasião de uma grande fome, vendeu os livros para poder socorrer os necessitados. Certa vez, ofereceu sua própria pessoa para resgatar um jovem que caíra nas mãos dos mouros.
A caridade de Domingos, não satisfeita com as obras corporais de misericórdia, estendia-se principalmente às necessidades espirituais do próximo. Para este fim, desenvolveu um zelo extraordinário, como pregador. O primeiro fruto deste labor apostólico, foi a conversão do amigo e companheiro dos estudos, Conrado, que mais tarde entrou para a ordem de cister, elevado posteriormente à dignidade de Cardeal.

Domingos contava apenas vinte e quatro anos e era considerado um dos mais competentes mestres da vida interior. Dom Diego de Asebes, bispo de Osma, conhecendo os brilhantes dotes de Domingos, convidou-o a incorporar-se ao cabido da diocese, esperando desta aquisição uma reforma salutar do clero. O prelado não se viu iludido nas suas previsões. Domingos em pouco tempo, foi objeto da admiração de todos, como modelo exemplar em todas as virtudes cristãs.
Como cônego de Osma, Domingos percorreu diversas províncias da Espanha, pregando por toda a parte a palavra de Deus, pela conversão dos pecadores, cristãos e maometanos. Uma das conversões mais sensacionais que Deus operou por intermédio de Domingos foi a de Reiniers, célebre heresiarca, que mais tarde tomou o hábito dos frades dominicanos.
Domingos não era ainda sacerdote. Do bispo de Osma recebeu a unção sacerdotal, continuando depois a missão apostólica de pregador. Quando em 1224, por ordem do rei Afonso de Castela, o bispo de Osma foi à França na qualidade de embaixador real, a fim de tratar dos negócios matrimoniais do príncipe herdeiro Fernando com a princesa de Lussignan, Domingos acompanhou-o. Na província de Languedoc, entraram em contato direto com os hereges albingenses. Numa segunda viagem que empreenderam, cujo fim era buscar a princesa e entregá-la ao esposo, tiveram o grande desgosto de não a encontrar entre os vivos. Chegaram ainda a tempo de assistir-lhe ao enterro.
Pedro Berruguete - 1480 - Museu do Prado
São Domingos combate os albigenses

Preferiram, então, ficar na França, para dedicar-se à campanha contra os hereges. O bispo Diego, com o consentimento do Papa, ficou três anos na província de Languedoc. Passado este tempo, voltou à diocese.
A São Domingos, que foi nomeado superior da Missão, associaram-se doze abades cistercienses. Pouco tempo, porém, durou o trabalho coletivo. Dom Diego voltou à Espanha, os cistercienses retiraram-se para os seus claustros e o próprio Legado pontifício abandonou o solo francês.

Domingos não desanimou apesar do perigo e dificuldade da missão. Com mais oito companheiros que lhe foram mandados, continuou os trabalhos apostólicos. A inconstância, porém, que encontrou nos coadjutores, fez nele amadurecer a idéia de fundar uma nova Ordem, cujos membros, por um voto, se dedicassem à obra da pregação. Os primeiros que se associaram foram Guilherme de Clairel e Domingos, o Espanhol. Em 1215 a nova comunidade contava já dezesseis religiosos, com seis espanhóis, oito franceses, um inglês e um português. Para assegurar-se da aprovação pontifícia, Domingos em companhia do bispo de Toulouse foi a Roma e apresentou-se ao Papa Inocêncio III. Coincidiu ele chegar à Cidade Eterna na abertura do Concílio de Latrão. Opinaram os padres que em vez de aprovar as regras de novas ordens, devia o Concílio dirigir a atenção para as Ordens já existentes e aperfeiçoar-lhes as constituições. Inocêncio III, baseando-se nestas decisões, negou-se, por diversas vezes, em dar aprovação à regra da Ordem fundada por Domingos. Aconteceu, porém, que o Papa teve uma visão, quase idêntica à que lhe fez aprovar a Ordem de São Francisco de Assis, em 1209. Não querendo contrariar a obra do santo, deu consentimento à fundação da Ordem, prometendo a Domingos expedir a bula, logo que este tivesse adotado uma regra de ordem já aprovada pela Igreja. Domingos decidiu-se em favor da regra de Santo Agostinho, à qual acrescentou mais algumas constituições, como por exemplo, o silêncio, o jejum e a pobreza.
São Domingos recebe a regra
Escola emiliana - séc XVIII - Museu de Arte de Sassari

Quando Domingos, pela segunda vez chegou em Roma, já não encontrou o Papa Inocêncio III, mas o sucessor deste, Honório III. Contrariamente ao que receava, obteve a aprovação da ordem, que veio a ser chamada Ordem dos Pregadores. Nomeado o primeiro superior, fez a profissão nas mãos do Papa.
Graças à generosidade do bispo de Toulouse e do conde Simão de Montfort, Domingos pode construir o primeiro convento em Toulouse.
Pouco tempo depois, Domingos voltou a Roma e fundou diversos conventos na Itália. Em Roma, conheceu São Francisco de Assis, a quem se ligou em íntima amizade. Em 1218 foi a Bolonha fundar um convento, perto da Igreja de Nossa Senhora de Mascarella. Um ano depois, teve Domingos a satisfação de fundar outro na mesma cidade, sendo que este, tempos depois, veio a ser um dos mais importantes da Ordem na Itália.
O exemplo de São Francisco de Assis e o admirável desenvolvimento da Ordem por ele fundada, influiu grandemente no espírito de são Domingos. Como o Patriarca de Assis, introduziu S. Domingos na sua ordem o voto de pobreza em todo o rigor.
São Domingos convocou três capítulos gerais e teve o prazer de ver a Ordem se estabelecer na Espanha, em Toulouse, na Provença e na França toda. Conventos surgiram na Itália, Alemanha e Inglaterra. O próprio fundador mandou emissários à Irlanda, Noruega, Ásia e Palestina.

São Domingos morreu no dia 06 de agosto de 1221, na idade de 51 anos. Numerosos milagres foram operados por seu intermédio. O Papa Gregório IX inseriu-lhe o nome no catálogo dos Santos, em 23 de julho de 1234. Muito concorreu para o culto de S. Domingos na Igreja Católica, a devoção do Santíssimo Rosário, de quem era grande Apóstolo.

Oficina de Nicola Pisano
Tumba de São Domingos - Convento dos Frades Pregadore - Bologna

A Ordem dos pregadores deu à Igreja, muitos Santos, entre estes o grande São Tomás de Aquino, Santo Alberto Magno, Santa Catarina de Siena, São Vicente Ferrer, o Papa Pio V.

Iconografia:

Os atributos do santo são símbolos que se relacionam a diferentes momentos de sua vida. O primeiro deles é um livro, a Bíblia, indicativo da sua atividade de pregador e conversor. Certas vezes há uma igreja sobre o livro indicando a Basílica Laterana de Roma que sonharam que seria derrubada e que somente seria salva por dois monges: um de hábito branco (o dominicano) e outro de hábito marrom (franciscano),sonho com o qual o Papa Inocêncio III compreendeu que dominicanos e franciscanos deveriam ser ordens autorizadas, por serem as “colunas salvadoras da Igreja”.

Afresco no Monastério de Matris Domini - Bérgamo
séc. XIII

Outro deles é um cachorro que carrega um tocha na boca, que recorda o sonho que teve sua mãe, ainda grávida, onde um cachorro saía de seu ventre com a tocha na boca. Ela se consultou com São Domingos de Silos, que vivia em um monastério beneditino próximo, e o padre disse-lhe que teria um filho destinado a “acender o fogo de Cristo através da pregação”. A criança teria o seu mesmo nome, Domingos, derivado do latim Dominicus que significa “do Senhor”.
anônimo - séc. XVII
Museu dos Terceiros, Portugal
Sua pureza é representada pelo lírio branco nas mãos;
Anônimo italiano do século XVIII

 Sua dimensão de grande pregador e guia das almas em direção a Cristo é representada por uma estrela em sua testa, que dizem ter aparecido no momento de seu batismo.

Como fundador de uma Ordem religiosa, carrega uma cruz de dois braços, a cruz patriarcal, e também o estandarte com o escudo de armas dos Dominicanos; o escudo é composto de um campo branco, sinal da pureza, e outro negro, sinal da penitência, e o lema  Laudare, Benedicere, Pradicare” que significa “Louvar, Bendizer, Predicar“. Por último, em alguns quadros é representado com três mitras, significando que renunciou três vezes ao bispado, preferindo dedicar-se à pregação.
Imagem venerada em Zaragoza, Espanha

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