quarta-feira, 31 de agosto de 2011

31 de agosto - São Raimundo Nonato

José Camarón bonanat - São Raimundo adorando o Santissimo Sacramento
séc. XVIII - Museu de Belas Artes de Valença

Por ter encontrado dificuldades para vir à luz, é invocado como patrono e protetor das parturientes e das parteiras (seu nome significa "não nascido" porque foi extraído vivo das entranhas da mãe já morta). São Raimundo Nonato nasceu na Espanha, em Portel, na diocese de Solsona (próximo a Barcelona) no ano de 1200. Ainda menino, teve de guardar o gado e, durante seus anos de pastor, visitava constantemente a ermida de São Nicolau, onde se venerava uma imagem de Nossa Senhora de quem era devotíssimo. Conta-se que, durante as horas que passava aos pés de Maria, um anjo lhe guardava o rebanho.

Desde jovem, Raimundo Nonato percebeu sua inclinação à vida religiosa. Seu pai buscou, sem êxito, impedi-lo de corresponder ao chamado vocacional. Ao entrar para a Ordem de Nossa Senhora das Mercês, pôde receber do fundador, São Pedro Nolasco, o hábito. Assim, tornou-se exemplo de ardor na missão de resgatar das mãos dos mouros, os cristãos feitos escravos. Certa vez, São Raimundo conseguiu liderar uma missão que libertou 150 cristãos, porém, quando na Argélia acabaram-se os recursos para o salvamento daqueles que corriam o risco de perderem a vida e a fé, o Missionário e Sacerdote Raimundo, entregou-se no lugar de um dos cristãos. Na prisão, Raimundo pregava para os muçulmanos e cristãos, com tanto fervor que começou a convertê-los e desse modo sofreu muito, pois chegaram ao extremo de perfurarem os seus lábios com um ferro quente, fechando-os com um cadeado.

Foi mais tarde libertado da prisão e retornou à Espanha. São Raimundo Nonato, morreu em Cardona, no ano de 1240, gravemente doente. Não aguentou atingir Roma onde o Papa Gregório IX queria São Raimundo como Cardeal e conselheiro.  Seu corpo repousa na mesma ermida de São Nicolau na qual orava nos seus anos de pastor.

terça-feira, 30 de agosto de 2011

30 de agosto - Santos Félix e Adauto (mártires)


Poucos são os registros encontrados sobre Félix e Adauto, que são celebrados juntos no dia de hoje. As tradições mais antigas dos primeiros tempos do cristianismo narram-nos que eles foram perseguidos, martirizados e mortos pelo imperador Diocleciano no ano 303.
A mais conhecida diz que Félix era um padre e tinha sido condenado à morte por aquele imperador. Mas quando caminhava para a execução, foi interpelado por um desconhecido. Afrontando os soldados do exército imperial, o estranho declarou-se, espontaneamente, cristão e pediu para ser sacrificado junto com ele. Os soldados não questionaram. Logo após decapitarem Félix, com a mesma espada decapitaram o homem que tinha tido a ousadia de desafiar o decreto do imperador Diocleciano.
Nenhum dos presentes sabia dizer a identidade daquele homem. Por isso ele foi chamado somente de Adauto, que significa: adjunto, isto é "aquele que recebeu junto com Félix a coroa do martírio".

Nossa Senhora com o menino entre Félix e Adauta
afresco nas Catacumbas de Comodila
Ainda segundo as narrativas, eles foram sepultados numa cripta do cemitério de Comodila, próxima da basílica de São Paulo Fora dos Muros. O papa Sirício transformou o lugar onde eles foram enterrados numa basílica, que se tornou lugar de grande peregrinação de devotos até depois da Idade Média, quando o culto dedicado a eles foi declinando. O cemitério de Comodila e o túmulo de Félix e Adauto foram encontrados no ano de 1720, mas vieram a ruir logo em seguida, sendo novamente esquecidos e suas ruínas, abandonadas. Só em 1903 a pequena basílica foi definitivamente restaurada.
Relíquias do santo
Procis~são em Civitanova del Sannio - Itália

Esses martírios permaneceram vivos na memória da Igreja Católica, que dedicou o mesmo dia a são Félix e santo Adauto para as comemorações litúrgicas. Algumas fontes, mesmo, dizem que os dois santos eram irmãos de sangue.­

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

29 de agosto - Decapitação de São João Batista

A Aparição da cabeça de João Batista
Gustave Moreau - 1876

A festa da natividade de são João Batista ocorre no dia 24 de junho. Ela faz parte da tradição dos cristãos como a do seu martírio. No calendário litúrgico da Igreja, esta comemoração iniciou na França, no século V, sendo introduzida em Roma no século seguinte. A origem da comemoração foi a construção de uma igreja em Sebaste, na Samaria, sobre o local indicado como o do túmulo de São João Batista.
Rubens - 1633
National Gallery of Scotland - Edimburgo

João era primo de Jesus e foi quem melhor soube levar ao povo a palavra do Mestre. Jesus dedicou-lhe uma grande simpatia e respeito, como está escrito no evangelho de são Lucas: "Na verdade vos digo, dentre os nascidos de mulher, nenhum foi maior que João Batista". João Batista foi o precursor do Messias. Foi ele que batizou Jesus no rio Jordão e preparou-lhe o caminho para a pregação entre o povo. Não teve medo e denunciou o adultério do rei Herodes Antipas, que vivia na imoralidade com sua cunhada Herodíades.

Lucas Cranach, o Velho

Lucas Cranach, o Velho - 1531
Szépmuvészeti Múzeum de Budapest
Lucas Cranach - 1500
Museu de Arte de Gotheborg - Suécia

A ousadia do profeta despertou a ira do rei, que imediatamente mandou prendê-lo. João Batista permaneceu na prisão de Maqueronte, na margem oriental do mar Morto, por três meses. Até que, durante uma festa no palácio daquela cidade, a filha de Herodíades, Salomé, instigada pela ardilosa e perversa mãe, dançou para o rei e seus convidados. A bela moça era uma exímia dançarina e tinha a exuberância da juventude, o que proporcionou a todos um estonteante espetáculo.

Leonaert Braemer
Museu de Belas Artes de Nimes

No final, ainda entusiasmado, o rei Herodes disse que ela poderia pedir o que quisesse como pagamento, porque nada lhe seria negado. Por conselho da mãe, ela pediu a cabeça de João Batista numa bandeja. Assim, a palavra do rei foi mantida. Algum tempo depois, o carrasco trazia a cabeça do profeta em um prato, entregando-a para Salomé e para sua maldosa mãe. O martírio por decapitação de são João Batista, que nos chegou narrado através do evangelho de são Marcos, ocorreu no dia 29 de agosto, um ano antes da Paixão de Jesus.
Garcia de Benavirri - 1470

Ainda segundo o evangelista Marcos, João Batista, antes de ser decapitado, exultou em voz alta: "Agora a minha felicidade será completa; ele deve crescer, eu, ao contrário, diminuirei". Encerrou, com o martírio, a sua missão de profeta precursor do Messias.
Guido Reni - 1633
Galeria Nacional do Palazzo Corsini - Roma

Guido Reni - 1640
Gemäldegalerie Dresden

Andrea Solari - 1506
Metropolitan Museum - Nova York

Andrea Solari - 1503
Kunsthistorisches Museum de Viena

Andrea Solari - 1507
Louvre

domingo, 28 de agosto de 2011

28 de agosto - Santo Agostinho (Doutor da Igreja)

Peter Paul Rubens - 1639

Aurélio Agostinho nasceu no dia 13 de novembro de 354, cidade de Tagaste, hoje região da Argélia, na África. Era o primogênito de Patrício, um pequeno proprietário de terras, pagão. Sua mãe, ao contrário era uma devota cristã, que agora celebramos como Santa Mônica, no dia 27 de agosto. Mônica procurou criar o filho no seguimento de Cristo. Não foi uma tarefa fácil. Aliás, ela até adiou o seu batismo, receando que ele o profanasse. Mas à exemplo do provérbio que diz: “A luz não pode ficar oculta”, ela entendeu que Agostinho era essa luz. Aos dezesseis anos de idade, na exuberância da adolescência, foi estudar fora de casa.

Philippe de Champaigne - se´c. XVIII

Na oportunidade se envolveu com a heresia maniqueísta e também passou a conviver com uma moça cartaginense que lhe deu em 372, um filho, Adeodato. Assim era Agostinho um rapaz inquieto, sempre envolvido em paixões e atitudes contrárias aos ensinamentos da mãe e dos cristãos. Possuidor de uma inteligência rara, depois da fase de desmandos da juventude, centrou-se nos estudos e se formou brilhantemente em retórica. Excelente escritor dedicava-se à poesia e filosofia.
Agostinho parte para Milão
Benozzo Gozzoli - séc. XV
Igreja de Santo Agostinho de San Gimignano

Procurando maior sucesso Agostinho foi para Roma, onde abriu uma escola de retórica. Foi convidado para ser professor dessa matéria e gramática em Milão. O motivo que o levou a aceitar o trabalho, em Milão, era poder estar perto do, agora santo, Bispo Ambrósio, poeta e orador, ao qual Agostinho tinha enorme admiração. Assim, passou a assistir os seus sermões. Primeiro seu interesse era só pelo conteúdo literário da pregação, depois pelo conteúdo filosófico e doutrinário. Aos poucos a pregação de Ambrósio tocou seu coração e ele se converteu, passando a combater a heresia maniqueísta e outras que surgiram depois. Foi batizado junto com o filho Adeodato, pelo próprio Bispo Ambrósio, na Páscoa do ano de 387. Portanto, com trinta e três e quinze anos de idade, respectivamente. Naquela época Agostinho passou por uma grande provação: seu filho morreu. Era um menino muito inteligente a quem dedicava muita atenção e afeto. Decidiu então voltar com a mãe para sua terra natal, a África, mas Mônica também veio a falecer, no porto de Óstia, não muito distante de Roma.
Batismo de Agostinho
Benozzo Gozzoli
Depois do sepultamento da mãe, Agostinho seguiu a viagem e chegando a Tegaste em 388. Ali se decidiu pela vida religiosa e ao lado de alguns amigos fundou uma comunidade monástica, cujas regras escritas por ele deram depois origem à várias Ordens, femininas e masculinas. Porém, o então Bispo de Hipona decidiu que “a luz não devia ficar oculta” e convidou Agostinho para acompanhá-lo em suas pregações, pois já estava velho e doente. Para isto ele o consagrou sacerdote e, logo após a sua morte em 397, Agostinho foi aclamado pelo povo o novo Bispo de Hipona. Durante trinta e quatro anos Agostinho foi Bispo daquela diocese e, considerado o pai dos pobres, um homem de alta espiritualidade e um grande defensor da doutrina de Cristo. Na verdade foi definido como o mais profundo e importante filósofo e teólogo do seu tempo. Sua obra iluminou quase todos os pensadores dos séculos seguintes.

Escreveu livros importantíssimos, entre eles estão sua autobiografia, “Confissões”, e “Cidade de Deus”. Depois de uma grave enfermidade ele morreu amargurado, aos setenta e seis anos de idade, em 28 de agosto de 430, pois os bárbaros haviam invadido sua cidade episcopal. No ano 725, o seu corpo foi transladado para Pavia, Itália, sendo guardado na Igreja São Pedro do Céu de Ouro, próximo do local de sua conversão. Santo Agostinho recebeu o honroso título de Doutor da Igreja e é celebrado no dia de sua morte.
Funerais de Agostinho
Benozzo Gozzoli

Santo Agostinho fala com uma criança (centro) que estava tentando encher com a água do mar um buraco cavado na areia. Quando Santo Agostinho disse-lhe que isso era impossível, a criança, um mensageiro de Deus, respondeu que Agostinho, que estava pensando como explicar a Trindade, foi contratado em uma tarefa igualmente impossível. Santo Agostinho está acompanhado por Santa Catarina de Alexandria, com seu tradicional atributo da roda. Santo Estêvão, que foi um dos primeiros diáconos da igreja e foi apedrejado até a morte por volta de 35 d.C., é provavelmente o santo visível (segurando pedras) no fundo, à esquerda. No canto superior esquerdo a Virgem e o Menino aparecem sobre as nuvens com São José e de anjos que tocam música.
Visão de Agostinho - Tisi da Garofalo - 1520
National Gallery de Londres
O demônio apresenta o livro dos vícios ao santo - 1483
Alte Pinakoteck de Munique

sábado, 27 de agosto de 2011

27 de agosto - Santa Mônica (viúva)

Piero Della Francesca - 1455
Coleção Frick - New York

Sabemos pouco sobre a infância de Santa Mônica; muito do que nos chegou sobre sua vida foi através das “Confissões” de Santo Agostinho, seu filho. Ela nasceu em Tagaste, Algéria, em 332. Casou-se cedo com Patrício; ele era pagão e tinha um temperamento violento.
A vida de casada de Mônica era muito difícil, seu marido se aborrecia com suas orações. Muitas mulheres de Tagaste tinham problemas em casa e Mônica, com sua doçura e paciência, era um exemplo para elas.
Benozzo Gozzoli - 1465
Igreja de Santo Agostinho em San Gimignano

O casal teve três filhos: Agostinho, Navigius e Perpétua. Nenhum deles foi batizado enquanto pequeno. Agostinho lhe dava muitos problemas e foi mandado para Madaura para estudar. Ela teve uma compensação: a conversão de seu marido, que morreu logo depois.

Santa Mônica decidiu não se casar novamente. Nesse ínterim, Agostinho foi seguir seus estudos em Cartago, onde aderiu à seita dos maniqueus. De volta em casa, Agostinho levanta proposições heréticas e sua mãe o expulsa, mas ela volta atrás. Santa Mônica vai se aconselhar com um bispo, que a ajuda a perceber que o tempo da conversão de Agostinho ainda não tinha chegado.
Agostinho viaja escondido para Roma e sua mãe o segue. Quando ela chega, ele já tinha partido para Milão e ela continua em seu percalço; chegando, ela conhece o bispo de Milão, Santo Ambrósio, que contribui para a conversão de Santo Agostinho em 386. Agostinho é batizado no ano seguinte, na igreja de São João Batista, em Milão. Ainda em 387 resolvem voltar à África e Santa Mônica morre na viagem, em Ostia, perto de Roma, onde é enterrrada.
Morte de Santa Mônica e partida de Agostiunho
Mestre da Osservanza - 1430
Fitzwilliam Museum - Cambridge

Santa Mônica fica como esquecida durante anos até que, no século XIII, seu culto começa a se espalhar e, no calendário da Igreja, foi marcado o dia 4 de maio, véspera da conversão de seu filho, para se realizarem festas em sua homenagem.

Em 1430, o Papa Martinho V ordenou que suas relíquias fossem levadas para Roma e muitos milagres aconteceram no caminho, consolidando o culto da santa. O arcebispo de Rouen, Cardeal d’Estouteville, construiu uma igreja em Roma em honra a Santo Agostinho e depositou as relíquias de sua mãe em uma capela à esquerda do altar principal. O Ofício de Santa Mônica só entrou no Breviário Romano no século XVI.

Em 1850 foi criada na Notre Dame de Sion, em Paris, uma associação de mães cristãs com o patronato de Santa Mônica, com o objetivo de fazer orações mútuas por maridos e filhos. Esta associação foi elevada a arquiconfraria em 1856 e se espalhou rapidamente pelo mundo católico, com filiais em Dublin, Londres, Liverpool, Sidney e Buenos Aires.
Andrea del Verrocchio - séc. XV
Igreja de Santo Spirito - Florença

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

26 de agosto - Nossa Senhora de Chestokowa (ou de Montes Claros)


A Madona Negra é uma pintura de Nossa Senhora com o Menino Jesus, cuja lenda atribui a sua autoria ao Evangelista S. Lucas. Acredita-se que S. Lucas a pintou sobre um tampo de madeira duma mesa feita por Jesus carpinteiro. Teria sido enquanto posava para Lucas que Maria relatou-lhe os pormenores da Anunciação e da infância de Jesus que Lucas mais tarde incorporaria ao seu evangelho. A pintura apareceria novamente em 326 d.C., quando Sta. Helena a teria localizado em Jerusalém, por ocasião de uma peregrinação à Terra Santa. Ela presenteou a pintura a seu filho, o Imperador Constantino, que mandou construir para ela um santuário em Constantinopla. Numa batalha crítica contra os sarracenos, a pintura foi exibida sobre os muros da cidade, e os sarracenos foram então derrotados. O crédito da salvação da cidade foi atribuído à pintura.
ícone no altar da Igreja em Chestokowa

Monastério de Jasna Gora - gravura do séc. XVIII
Mais tarde, ela passou às mãos de Carlos Magno, que depois a presenteou ao príncipe Léo da Rutênia (Hungria). Ela permaneceu no palácio real da Rutênia até à invasão do séc. XI. O rei orou à Nossa Senhora para que auxiliasse seu pequeno exército; em resposta às suas súplicas, uma densa escuridão desceu sobre as tropas inimigas, as quais, em sua confusão, começaram a atacar-se mutuamente. A Rutênia foi salva, devido a esta intervenção. No séc. XIV, ela foi transferida para o Monte de Luz (o Santuário de Jasna Gora), na Polônia, em resposta a uma solicitação feita num sonho ao príncipe Ladislau de Opola.

Essa história legendária passou a ser melhor documentada a partir do príncipe Ladislau. Em 1382, invasores tártaros atacaram a fortaleza do príncipe em Belz. No curso deste ataque, uma seta tártara atingiu a pintura, alojando-se na garganta da Madona. O príncipe, temendo que ele próprio e a pintura famosa viessem a cair em mãos dos tártaros, fugiu durante a noite, refugiando-se na cidade de Czestochowa, onde a pintura foi alojada numa pequena igreja. A seu tempo, o príncipe fez construir um mosteiro paulino e uma igreja, a fim de abrigar em segurança a imagem. Em 1430, os hussitas invadiram o mosteiro e tentaram levar o retrato. Um dos invasores atingiu duas vezes a pintura com sua espada, mas antes de desferir uma terceira estocada, caiu ao solo em agonia e morreu. Tanto os cortes a espada como a perfuração pela seta são ainda visíveis no quadro.
Assédio de Jasna Gora em 1655
Franciszek Kondratowicz - séc. XIX

Mais tarde, em 1655, a Polônia foi quase que totalmente tomada pelas forças do rei da Suécia, Carlos X. Apenas a área em torno do mosteiro não foi conquistada. De algum modo, os monges lograram resistir a um cerco de quarenta dias, até que a Polônia rechaçou os invasores de todo o seu território. Após essa notável sequência de eventos, Nossa Senhora de Czestochowa tornou-se o símbolo da unidade nacional e foi coroada Rainha da Polônia. O rei da Polônia colocou oficialmente o país sob a proteção de Nossa Senhora. Uma lenda mais recente em torno da pintura envolve a ameaça de invasão da Polônia pela Rússia. Em 1920, o exército russo foi avistado manobrando maciçamente nos bancos de areia do rio Vístula, ameaçando Varsóvia, quando uma imagem da Virgem apareceu nas nuvens sobre a cidade. As tropas russas retiraram-se à sua vista.

Ao longo dos séculos, muitos foram os testemunhos de curas e outros fenômenos milagrosos ocorridos com fiéis que peregrinaram à pintura. Ela é conhecida como "A Madona Negra" por causa da fuligem acumulada sobre a sua superfície, fruto de séculos de velas votivas queimadas junto a ela. Com o declínio do comunismo na Polônia, as peregrinações à Madona Negra aumentaram notavelmente.

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

25 de agosto - São Luís da França (rei)


São Luís nasceu no castelo de Poissy, a 30 quilômetros de Paris, em 25 de Abril de 1214 ou 1215, dia de procissões solenes do dia de São Marcos. A sua infância fora influenciada pela figura do seu pai que, unindo o zelo pela religião à bravura marcial que lhe valeu o cognome de o Leão, subjugou os cátaros do sul da França.

Particularmente zelosos da sua educação, os pais de Luís IX deram-lhe bons preceptores: Mateus II de Montmorency, Guilherme des Barres, conde de Rochefort, e Clemente de Metz, marechal da França, inspiraram-lhe os sentimentos de um rei cristianíssimo e filho da Igreja.
Com a morte do seu pai em 8 de Novembro de 1226, Luís IX subiu ao trono aos 12 anos de idade. Foi sagrado na catedral de Reims por Jacques de Bazoches, bispo de Soissons, em 30 de Novembro do mesmo ano.
Anônimo do século XVIII
Museu de Belas Artes de Châlons-en Champagne

Por testamento de Luís VIII, a mãe do jovem monarca assumiu a regência de França com o título de «baillistre», guardião da tutela do rei. De personalidade forte, Branca de Castela encarnava a glória de ser filha, sobrinha, esposa, irmã e tia de reis.
Durante a menoridade de Luís IX, a rainha mãe enfrentou as ambições da Inglaterra e as pressões da nobreza do reino, que desejavam valer-se da pouca idade do soberano para retomar os direitos perdidos para os monarcas do último século.
Anônimo do século XVIII
Museu de Notre Dame de Poissy

Delicado, louro e de olhos azuis, Luís atingiu a maioridade a 25 de Abril de 1234, mas continuou a manter a mãe numa posição de confiança e poder. Esta organizou o seu casamento, realizado no dia 27 de Maio de 1234, na catedral de Sens, pouco depois de o rei completar 20 anos. A esposa escolhida foi Margarida da Provença, a filha mais velha de Beatriz de Sabóia e do conde Raimundo Berengário IV da Provença e de Forcalquier, e irmã de Leonor, esposa de Henrique III da Inglaterra.
Este reinado foi um período de paz e prosperidade para a França, mas também de excepcional zelo religioso e intolerância, com a intenção de conduzir o povo francês à salvação da alma. São Luís não negligenciava o cuidado dos pobres, proibiu o jogo e a prostituição e punia a blasfêmia. As punições estipuladas eram tão rigorosas que o papa Clemente IV julgou ser necessário atenuá-las.
El Greco - 1592
Museu do Louvre

Outro dos traços em que a religiosidade deste monarca se manifestou foi na aquisição da coroa de espinhos e de um fragmento da cruz da crucificação de Jesus Cristo, em 1239-1241, a Balduíno II, imperador de Constantinopla, por 135.000 libras. Para estas relíquias mandou edificar a capela gótica de Sainte-Chapelle no coração de Paris, que curiosamente só custou 60.000 libras para construir. Sob este reinado foram também construídas as catedrais de Amiens, Rouen, Beauvais, Auxerre e Saint-Germain-en-Laye.
O monarca francês era zeloso da sua missão de «lugar-tenente de Deus na Terra», da qual fora investido na sua coroação em Reims. De forma a cumprir este dever organizaria duas cruzadas e, apesar de ambas terem fracassado, contribuiram para o seu prestígio. Os seus contemporâneos não teriam compreendido se um rei tão poderoso e piedoso não fosse libertar a Terra Santa.
São Luís recebe a extrema unção em 1270
Charles Maynier - séc. XIX - Museu de Versailles

Em 1244 Luís IX caiu gravemente enfermo de disenteria, a ponto de alguns terem como certa sua morte. Foram organizadas vigílias, procissões e outros actos religiosos pela sua convalescença, e o próprio monarca fez então um voto: caso sobrevivesse, partiria em cruzada para libertar o Santo Sepulcro.
Quando recuperou a saúde, em 1248, apesar das oposições da Corte, cumpriu o que havia prometido. Preparou um grande exército e, por várias vezes, comandou as cruzadas para a Terra Santa. Mas em nenhuma delas teve êxito. Primeiro, foi preso pelos muçulmanos, que o mantiveram no cativeiro durante seis anos. Depois, numa outra investida, quando se aproximava de Tunis, foi acometido pela peste e ali morreu, no dia 25 de agosto de 1270.
Os cruzados voltaram para a França trazendo o corpo do rei Luís IX, que já tinha fama e odor de santidade. O seu corpo repousa na Abadia de Saint-Denis.
Palutilla Bricci - 1664
Igreja de São Luís dos Franceses - Roma

O culto deste santo foi juridicamente examinado e aprovado pelo papa Bonifácio VIII, que o canonizou em 1297 com o nome de São Luís da França. São Luís é considerado o modelo do monarca cristão.
Sainte Chapelle - Paris

Franciscano Secular, de vida e coração, soube ensinar às gerações vindouras a arte de bem governar ao serviço do Povo. São do seu testamento espiritual - indelével legado ao seu filho - as seguintes ilustradas palavras:
“Guarda, meu filho, um coração compassivo para com os pobres, infelizes e aflitos e, quanto puderes, auxilia-os e consola-os. Por todos os benefícios que te foram dados por Deus, rende-lhe graças para te tornares digno de receber maiores. Em relação a teus súditos, sê justo até o extremo da justiça, sem te desviares; e põe-te sempre de preferência da parte do pobre mais do que do rico, até estares bem certo da verdade. Procura com empenho que todos os teus súditos sejam protegidos pela justiça e pela paz”.
São Luís visita as obras da Sainte Chapelle
vitral do século XIX - New Orleans - USA

Muito do que atualmente se sabe sobre a vida de São Luís foi o que ficou registrado por Jean de Joinville, o seu principal biógrafo com a obra «A Vida de São Luís». Jean de Joinville era amigo, confidente e conselheiro do rei, e também foi uma das principais testemunhas no processo de canonização em 1297 pelo papa Bonifácio VIII. Duas outras biografias importantes foram escritas pelo confessor do rei, Godofredo de Beaulieu, e pelo seu capelão, Guilherme de Chartres, Grão-Mestre da Ordem dos Templários. A quarta notável fonte de informação é a biografia de Guilherme de Saint-Pathus, escrita usando o inquérito papal sobre a vida do rei para a sua canonização.
Visão de São Luís - século XVII
Jacques Laudin
Museu de Artes Decorativas de Bourges

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

24 de agosto - São Bartolomeu (apóstolo)

São Bartolomeu sem a pele
Marco d'Agrate - 1652
Catedral de Milão

Bartolomeu também chamado Natanael foi um dos doze primeiros apóstolos de Jesus. É assim descrito nos Evangelhos de João, Mateus, Marcos e Lucas e, também, nos Atos dos apóstolos. Bartolomeu nasceu em Caná, na Galiléia, uma pequena aldeia a catorze quilômetros de Nazaré. Era filho do agricultor Tholmai. No Evangelho, ele também é chamado de Natanael. Em hebraico a palavra "bar" que dizer "filho" e "tholmai" significa "agricultor". Por isto os historiadores são unânimes em afirmar que Bartolomeu-Natanael se trata de uma só pessoa.

Seu melhor amigo era Felipe e ambos eram viajantes. Foi o apóstolo Felipe que o apresentou ao Messias. Até este seu primeiro encontro com Jesus, Bartolomeu era cético e às vezes irônico com relação às coisas de Deus. Porém, depois de convertido, tornou-se um dos apóstolos mais ativos e presentes na vida pública de Jesus. Mas a melhor descrição que temos de Bartolomeu foi feita pelo próprio Mestre: "Eis um verdadeiro israelita no qual não há fingimento" Jo 1,47.
água forte do séc. XVII

Ele teve o privilégio de estar ao lado de Jesus durante quase toda Sua missão na terra. Compartilhou do Seu cotidiano, presenciou Seus milagres, ouviu Seus ensinamentos, viu Cristo ressuscitado nas margens do lago de Tiberíades e, finalmente, assistiu Sua ascensão ao céu. Depois de Pentecostes, Bartolomeu foi pregar a Boa Nova. Encerradas estas narrativas dos Evangelhos históricos entram as narrativas dos apócrifos, isto é: das antigas tradições. A mais conhecida é da Armênia, que conta que Bartolomeu foi evangelizar as regiões da Índia, Armênia Menor, e Mesopotâmia. Superou dificuldades incríveis, de idioma e cultura, e converteu muitas pessoas e várias cidades à fé do Cristo, pregando segundo o Evangelho de São Mateus. Foi na Armênia, depois de converter o rei Polímio, a esposa e mais doze cidades, que ele teria sofrido o martírio motivado pela inveja dos sacerdotes pagãos.
Giovanni Battista Tiepolo -1722

Estes insuflaram Astiages, irmão do rei e conseguiram uma ordem para matar o apóstolo. Bartolomeu foi esfolado vivo e, como não morreu, foi decapitado. Era o dia 24 de agosto de 51. A Igreja comemora São Bartolomeu Apóstolo, no dia de sua morte. Ele se tornou o modelo para quem se deixa conduzir pelo outro ao Cristo.
Discípulo de Lochner - séc. XV
Pinacoteca Vaticana