segunda-feira, 31 de outubro de 2011

31 de Outubro - São Quintino (Mártir)

Domenico De Blasio - 1715
Igreja de São Quintino, Alliste (Itália)
Quintino di Vermand (? – 287) santo de origem romana, que sofreu o martírio na Gália. Deste santo existem poucos testemunhos históricos, mas segundo a sua sua hagiografia era um cidadão romano, filho de um senador de nome Zeno. Morreu na Gália para onde tinha ido na companhia de São Luciano di Beauvais. Chegado em Amiens iniciou a pregar o Evangelho e realizar milagres, mas logo foi preso por ordem do prefeito  romano Riviozaro, nomeado pelo imperador Massimiliano e feroz perseguidor dos cristãos.
Martírio do santo
Jordaens - 1650

Sempre segundo a lenda, Quintino foi acorrentado e torturado repetidas vezes, na tentativa de repudiar o cristianismo, mas sempre sem êxito. Riziovaro foi transferido para Reims, capital da Gallia Belgica, e ordenou que para lá também fosse levado Quintino, para que, mais uma vez, fosse submetido a julgamento. Todavia, durante a viagem, nas proximidades da localidade chamada Augusta Veromanduorum (a atual Saint-Quentin), Quintino conseguiu fugir milagrosamente e continuou a sua obra e evangelização. Riviozaro, não dado por vencido, mandou captura-lo, e novamente tortura-lo, até que, finalmente preso,  mandou decapitá-lo e jogou seus restos mortais nos pântanos de Somme.

Segundo a lenda, 55 anos depois, uma mulher cega de família patrícia, encontrava-se no local onde o corpo do santo fora jogado e, seguindo uma inspiração divina, encontrou milagrosamente o corpo do santo, que emergiu da água dos pântanos emanando um "odore de santidade". Ela sepultou o corpo no alto de um monte e ali ergueu uma capela para proteger a sua sepultura, e feito isso, recuperou milagrosamente a sua visão.

30 de Outubro - São Marciano de Siracusa (Bispo e mártir)

pintura no Seminário Diocesano de Siracusa

A data a sua celebração varia segundo as várias fontes que falam a seu respeito. No Ocidente foi inserido pela primeira vez no ‘Martirologio Romano’ em 14 de junho, mas no Oriente a sua memória era já conhecida e recordada, em alguns livros, no dia 30 de outubro; o ‘Calendario marmoreo di Napoli’ o cita nessa data, assim como também nas versões mais modernas do ‘Martyrologium Romanum’. As fontes mais antigas falam dele ativo no século VII, mas são carentes de certezas históricas, e baseiam-se, apenas em tradições populares locais.
Marciano era discípulo de São Pedro, em Antioquia, e por ele foi enviada à Sicília, no século I, para pregar o Evangelho. Instalou-se na cidade de Siracusa onde operou muitas conversões, muitas delas acompanhadas por milagres. Sua popularidade provocou-lhe a morte “por aqueles que na época indignamente possuíam o cetro do comando”. 
É considerado o primeiro bispo de Siracusa, e a sua mais antiga representação data do século VIII-IX, do período bizantino siciliano, e encontra-se nas Catacumbas de Santa Luzia.
Busto do Santo
Escola napolitana - 1622
Catedral de Frigento, Itália

sábado, 29 de outubro de 2011

29 de Outubro - São Narciso (Bispo)

xilogravura antiga - Espanha


Segundo Santo Eusébio, São Narciso era natural da Palestina e foi o 15º bispo de Jerusalém, eleito em 189. Presidiu ao concílio de Cesaréia (197) e encabeçou a lista de assinaturas de uma carta que o episcopado da Palestina enviara ao papa São Vitor. Nesta carta, os bispos declaravam observar os rito e usos da Igreja romana. Contam que certa vez fora acusado de um crime que não cometera. Os caluniadores confirmaram por falsos juramentos a acusação. O primeiro dissera que se estivesse mentindo que o queimassem vivo. Já o segundo chamou sobre si a praga de lepra, se o que havia dito não fosse verdade. Por fim, o terceiro jurou pela luz de seus olhos que estava falando a verdade. 
Narciso ficou muito desgostoso e resolveu deixar a cidade secretamente. Foi para o deserto de Nítria, onde viveu oculto durante 8 anos. Aconteceu, então, que abateu sobre os caluniadores o mal que cada um havia arrogado sobre si: o primeiro morreu queimado; o segundo foi consumido pela lepra; e o terceiro ficou cego. Voltando a Jerusalém resolveu reassumir juntamente com o bispo Górdio o pastoreio de seu rebanho. Morreu por volta de 212, aos 116 anos de idade.



Altar de São Narciso - Catedral de Girona, Espanha
obra do escultor Pau Costa, séc. XVIII


sexta-feira, 28 de outubro de 2011

28 de Outubro - São Judas Tadeu (Apóstolo)

George de La Tour
Museu Toulouse-Lautrec - Albi

São Judas Tadeu é, sem dúvida, hoje, um dos santos mais populares. No entanto, embora figurasse entre os apóstolos de Cristo, a devoção por ele se inicia tardiamente, uma vez que foi durante muito tempo "deixado em segundo plano" em função de seu nome, que se confundia com o do "apóstolo traidor", Judas Iscariotes.
São Judas era primo de Jesus, pois era filho de Alfeu, também chamado de Cléofas, irmão de São José. Ao que se sabe, seu pai era um daqueles discípulos de Emaús, a quem Jesus apareceu naquela tarde do dia da Ressurreição. Quanto à sua mãe, ela era uma das mulheres que se encontravam ao pé da Cruz de Jesus, junto com Maria Santíssima.

Michele Annoni - 1785
Museu de História e Arte de Valtellina

São Judas - aquele mesmo apóstolo que, na Última Ceia, pergunta a Jesus por que Ele havia se manifestado a eles e não ao mundo - demonstrou sempre um grande ardor pela causa do Reino e, então, o desejo de que o Evangelho se tornasse conhecido de todos. Era o chamado à missão, típico do cristão, daquele que ama a Cristo e guarda a sua Palavra. Ele o amava, e precisava garantir que todos o fizessem também, para que fosse possível se realizar aquela resposta que Jesus lhe havia dado naquela Ceia: "se alguém me ama guardará a minha palavra e meu pai o amará, e nós viremos a ele e nele faremos nossa morada" (Jo 14,22).
Vincenzo Damiani - séc. XVIII
Igreja de São Martino de Monselice, Itália

São Judas morreu mártir, provavelmente no dia 28 de outubro de 70. Foi perseguido graças à coerência que mantinha entre a sua fé e a sua vida, e em função da força de sua pregação, coisas que impressionavam de tal forma os pagãos que estes se convertiam "em massa". Provocando a fúria de feiticeiros, ministros pagãos e falsos profetas, estes acabaram por incitar parte da população contra o santo, que morreu, possivelmente, trucidado a golpes de machado. Esta é a maneira considerada mais provável e, por isso, a sua imagem traz frequentemente uma machadinha em suas mãos. Traz também uma Bíblia, lembrando o seu amor pela Palavra de Deus; e um colar, cuja medalha traz o rosto de Cristo, com o objetivo de destacar a sua semelhança com aquele que era seu primo.
Nicola da Urbino - 1525
Museu Cívico de Pesaro, Itália

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

27 de Outubro - São Gaudioso (Bispo)

São Gaudioso
Girolamo Romanini
National Gallery, Londres


Settimio Celio Gaudioso, bispo da Abitínia (África setentrional).Durante lo episcopado de Nostriano, perseguido por Genserico, rei ariano chefe dos vândalos, Gaudioso (coo o diácono de Cartago, Quodvultdeus) chegou exilado em Nápoles, em uma pequena barca muito danificada. Era o ano de 439.
Estabeleceu-se na acrópolis da antiga Neapolis (hoje Sant'Aniello a Caponapoli), onde no século VIII o bispo Stefano II construiu um monastério feminino em sua homenagem.
Seus restos mortais foram sepultados naquela cidade em 452 (morreu aos 70 anos), no Vale da Sanità, nas catacumbas que hoje, também, levam o seu nome. Levou para Nápoles a regra agostiniana, alguns usos litúrgicos africanos e as relíquias de Santa Restituta.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

26 de Outubro - São Demétrio de Tessalônica (Mártir)

Panselinos - 1300
Monastério de Vatopedis, Monte Athos - Grécia

Este glorioso e milagroso santo nasceu na cidade de Tessalônica (Norte da Grécia) de pais devotos e de descendência nobre. Era filho único de pais estéreis que recorreram a Deus pedindo que um filho lhes fosse dado e, portanto, era especialmente amado e educado. Seu pai era comandante militar em Tessalônica, e depois de sua morte, o imperador o promoveu ao mesmo posto em substituição ao pai. Ao fazê-lo, o imperador Maximiano, um adversário de Cristo, recomendou especialmente a Demétrio perseguir e exterminar os cristãos de Tessalônica. Demétrio, não só desobedeceu ao imperador, mas também confessava e pregava abertamente na cidade o Cristo, Senhor. Tomando conhecimento disso, o Imperador se enfureceu com Demétrio e, numa certa ocasião, ao retornar de uma guerra contra os samaritanos, foi para Tessalônica especificamente para investigar o assunto. 
ícone eslavo - 1520
Museu Saris - Bardejov (Eslováquia)

Ordenou então que Demétrio fosse chamado à sua presença, interrogando-o acerca de sua fé. Também diante do imperador Demétrio proclamou corajosamente sua fé, afirmando-se, portanto, como cristão, e, ainda mais, condenando a idolatria. Enfurecido, o imperador o condenou à prisão. Sabendo o que lhe esperava, Demétrio, entregou seus bens ao seu fiel servo Lupus para que distribuísse aos pobres. Depois foi conduzido à prisão, feliz, pois considerava o sofrer por Cristo como o lote de sua herança. Na prisão, um anjo do Senhor lhe apareceu e disse: «A paz esteja contigo, que sofres por amor a Cristo! Sê valente e forte!» Depois de vários dias, o Imperador enviou soldados à prisão para que matassem Demétrio. 
martírio do santo
pintura mural na Catedral de Tessalônica

Na prisão, os soldados imperiais encontraram Demétrio em oração, e o atravessaram com lanças. Os cristãos recolheram secretamente o seu corpo e o sepultaram. De seu túmulo passou a fluir mirra que trouxe a cura a muitos enfermos que recorriam ao lugar. Uma pequena igreja logo foi construída sobre suas relíquias. Leôncio, um nobre de Ilíria, padecendo de um mal incurável, foi plenamente restabelecido após recorrer em oração às relíquias de São Demétrio. Em gratidão, construiu uma igreja maior para substituir à anterior. O santo lhe apareceu em duas ocasiões. Quando o imperador Justiniano quis transferir as relíquias do santo, de Salônica para Constantinopla, uma faísca de fogo saiu do interior da sepultura e ouviu-se uma voz que dizia: «Deixe-as aqui e não as toques!» Assim, pois, as relíquias de São Demétrio foram mantidas sempre em Tessalônica. São Demétrio apareceu e salvou aquela cidade muitas vezes e de muitas calamidades, e os milagres são incontáveis.
1725
Igreja de São Nicolau de Voskopoja (Albânia)

Relíquias do santo
Catedral de Tessalônica


terça-feira, 25 de outubro de 2011

25 de Outubro - Santos Crispim e Crispiniano (Mártires)

Nossa Senhora no trono com os santos irmãos
Escola palermitana - séc. XV
Museu de Monreale, Itália



Crispim e Crispiniano eram irmãos de origem romana. Cresceram juntos e converteram-se ao cristianismo na adolescência. Ganhando a vida no oficio de sapateiro, eram muito populares, caridosos, e pregavam com ardor a fé que abraçaram. Quando a perseguição aos cristãos ficou mais insistente, os dois foram para a Gália, atual França. 
As tradições seculares contam que, durante a fuga, na noite de Natal, os irmãos Crispim e Crispiniano batiam nas portas buscando refúgio, mas ninguém os atendia. Finalmente, foram abrigados por uma pobre viúva que vivia com um filho. Agradecidos a Deus, quiseram recompensá-la fazendo um novo par de sapatos para o rapazinho. 
Trabalharam rápido e deixaram o presente perto da lareira. Mas antes de partir, enquanto todos ainda dormiam, Crispim e Crispiniano rezaram pedindo amparo da Providência Divina para aquela viúva e o filho. Ao amanhecer, viram que os dois tinham desaparecido e encontraram o par de sapatos cheio de moedas. 
gravura italiana - séc. XIV

Quando alcançaram o território francês, os dois irmãos estabeleceram-se na cidade de Soissons. Lá, seguiram uma rotina de dupla jornada, isto é, de dia eram missionários e à noite, em vez de dormir, trabalhavam numa oficina de calçados para sustentar-se e continuar fazendo caridade aos pobres. Quando a cruel perseguição imposta por Roma chegou a Soissons, era época do imperador Diocleciano e a Gália estava sob o governo de Rictiovaro. Os dois irmãos foram acusados e presos. Seus carrascos os torturaram até o limite, exigindo que abandonassem publicamente a fé cristã. Como não o fizeram, foram friamente degolados, ganhando a coroa do martírio. 
Martírio dos santos
Mestre de Nelken -1510
Landesmuseum, Zurique

O Martirológio Romano registra que as relíquias dos corpos desses dois nobres romanos mártires estavam sepultadas na belíssima igreja de Soissons, construída no século VI. Depois, parte delas foi transportada para Roma, onde foram guardadas na igreja de São Lourenço da via Panisperna. 

Martírio dos santos irmãos
Aert van den Bossch - 1494
Museu Nacional de Varsóvia

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

24 de Outubro - Santo Antonio Maria Claret (Fundador)

Madrid - 1857

Nasceu em 23 de dezembro de 1807, no povoado de Sallent, diocese de Vic, Barcelona, Espanha. Foi batizado no dia de Natal e recebeu o nome de Antônio Claret y Clara. Na família, aprendeu o caminho do seguimento de Cristo, a devoção a Maria e o profundo amor à eucaristia. 
Cedo aprendeu a profissão do pai e depois a de tipógrafo. Na adolescência, ouviu o chamado para servir a Deus. Assim, acrescentou o nome de "Maria" ao seu, para dar testemunho de que a ela dedicaria sua vida de religioso. E foi uma vida extraordinária dedicada ao próximo. Antônio Maria Claret trabalhou com o pai numa fábrica de tecidos e, aos vinte e um anos, depois de ter recusado empregos bem vantajosos, ingressou no Seminário de Vic, pois queria ser monge cartuxo. Mas lá percebeu sua vocação de padre missionário. 
Em 1835, recebeu a ordenação sacerdotal e foi nomeado pároco de sua cidade natal. Quatro anos depois, foi para Roma e dirigiu-se à Propaganda Fides, onde se apresentou para ser missionário apostólico. Foram anos de trabalho árduo e totalmente dedicado ao ministério pastoral na Espanha, que muitos frutos trouxeram para a Igreja. Em 1948, foi enviado para a difícil região das Ilhas Canárias. 

Capela do Silêncio, Sevilha

No entanto ansiava por uma obra mais ampla e assim, em 1849, na companhia de outros cinco jovens sacerdotes, fundou a Congregação dos Missionários Filhos do Imaculado Coração de Maria, ou Padres Claretianos. Entretanto, nessa ocasião, a Igreja vivia um momento de grande dificuldade na distante diocese de Cuba, que estava vaga havia quatorze anos. No mesmo ano, o fundador foi nomeado arcebispo de lá. E mais uma vez pôde constatar que Maria jamais o abandonava. 
Era uma vítima constante de todo tipo de pressão das lojas maçônicas, que faziam oposição violenta contra o clero, além dos muitos atentados que sofreu contra a sua vida. Incendiaram uma casa que se hospedava, colocaram veneno em sua comida e bebida, assaltaram-no à mão armada e o feriram várias vezes. 
Mas monsenhor Claret sempre escapou ileso e continuou seu trabalho, sem nunca recuar. Restaurou o antigo seminário cubano, deu apoio aos negros e índios, escravos Em 1855, junto com madre Antônia Paris, fundou outra congregação religiosa, a das Irmãs de Ensino Maria Imaculada, ou Irmãs Claretianas. Fez visitas pastorais a todas as dioceses, levando nova força e ânimo, para o chamado ao trabalho cada vez mais difícil e cada vez mais necessário. Quando voltou a Madri em 1857, deixou a Igreja de Cuba mais unida, mais forte e resistente. 
Giovanni Battista Conti - 1950
Curia Geral, Roma

Voltou à Espanha porque a rainha Isabel II o chamou para ser seu confessor. Mesmo contrariado, aceitou. Nesse período, sua obra escrita cresceu muito, enriquecida com seus inúmeros sermões. Em 1868, solidário com a soberana, seguiu-a no exílio na França, onde permaneceu ao lado da família real. Contudo não parou seu trabalho de apostolado e de escritor por excelência. Encontrou, ainda, tempo e forças para fundar uma academia para os artistas, que colocou sob a proteção de são Miguel. 
Morreu com sessenta e três anos, no dia 24 de outubro de 1870, no Mosteiro de Fontfroide, França, deixando-nos uma importante e numerosa obra escrita. Beatificado pelo papa Pio XI, que o chamou de "precursor da Ação Católica do mundo moderno", foi canonizado em 1950 por Pio XII. Santo Antônio Maria Claret é festejando no dia de sua morte.

Corpo do santo, Vic, Espanha

domingo, 23 de outubro de 2011

23 de Outubro - São João de Capistrano (Pregador)

Santi Buglione - 1550
Los Angeles County Museum fo Art

João nasceu no dia 24 de junho de 1386, em Capistrano, província de Aquila, Abruzo, filho de um barão alemão e de mãe natural daquela cidade. Estudante em Perusia, formou-se e chegou a ser ótimo jurista, tanto que Ladislao de Durazzo o fez governador daquela cidade. Caiu prisioneiro dos Malatesta, sofreu uma crise religiosa e, em 1416 ,ingressou entre os Irmãos Menores. Na prisão havia meditado sobre a vaidade do mundo, como já havia feito o jovem Francisco. Já não queria voltar à vida mundana e, ao sair da prisão, ingressou na Ordem Franciscana, onde São Bernardino de Siena propunha, em nome de Jesus, a reforma para o retorno à primitiva observância da Regra.
Chegou a ser íntimo amigo do santo reformador, e mais: o defendeu aberta e vigorosamente quando, à causa da devoção ao nome de Jesus, o Santo de Siena foi acusado de heresia. Também tomou como emblema o monograma do nome de Jesus, como São Bernardino, e o levou em suas duras batalhas contra os hereges e infiéis. O Papa o nomeou inquisidor e o enviou como seu delegado à Àustria, Baviera e Polônia, onde crescia cada vez mais a heresia dos husitas.
Igreja dos Franciscanos de Cracóvia

Na Terra Santa promoveu a união dos armênios com Roma. Várias vezes foi Vigário Geral da observância; em 1430 propôs as constituições martinianas, chamadas assim em nome do papa Martino V, que são uma via intermediária entre o laxismo e o rigorismo, esperando deste modo conservar a unidade da família franciscana, o que foi inútil.
Onde fosse chamado para guiar, animar, combater, São João erguia a sua bandeira com o radiante estandarte em nome de Jesus, ou uma pesada cruz de madeira, e se lançava na disputa com firmeza e ardor. Sua atividade principal consistia na pregação e no apostolado em defesa da cristandade ameaçada pelos turcos e pelos hereges. Viajou incansavelmente por toda a Europa, teve contatos com várias personalidades tanto na Itália como no exterior. Em 1451, na Palestina, visitou os lugares santos da vida de Jesus, dos Apóstolos e de Maria.

Batalha de Belgrado - pintor húngaro, séc. XIX

Tinha 70 anos, quando em 1456 participou da batalha de Belgrado, quando a cidade foi invadida pelos turcos. Entrando entre as tropas combatentes, onde era mais incerta a sorte das armas, incitava aos cristãos a ter fé em nome de Jesus. Gritava: "Avançando ou retrocendo, golpeando ou sendo golpeado, invoquem o nome de Jesus. Só nele está a salvação e a vitória". Durante 11 dias e noites esteve sem abandonar o campo. Disciplinava militarmente suas tropas de terciários e cruzados. Esta seria a última batalha e sua última fulgurante vitória. Três meses depois, no dia 23 de outubro de 1456, morria em Vilak, próximo da moderna Stremoka Mitrovica (Iugoslávia), que no século IV foi sede de diversos concílios. Entregou a seus fiéis a cruz e o emblema do nome de Jesus que o havia servido ao extremo de suas forças.
Púlpito de São João
Catedral de Viena, séc. XVIII

sábado, 22 de outubro de 2011

22 de Outubro - Santa Maria Salomé

Bernard Strigel - 1528
Maria Salomé e sua família
Natinal Gallery of Art, Washington

Maria Salomé era casada com Zebedeu, mãe de São João, o evangelista e de São Tiago, o maior e seria prima da Virgem Maria. Era uma das três Marias que ajudaram Jesus durante o início de seu ministério e o acompanharam nas suas viagens, além de terem testemunhado a sua crucificação, a retirada do corpo da cruz, e a sua ressurreição. O evangelista São Marcos menciona Salomé como uma das mulheres que vieram com Madalena ungir com óleos (costume da época) o corpo de Jesus na manhã da ressurreição.
Dizem os Evangelhos que durante uma conversa de Jesus e Salomé, ela pede a Cristo para leva-la, com seus filhos, para o Reino dos Céus.
Duccio da Buoninsegna
Museu do Duomo, Siena

A lenda diz que após a ressurreição ela foi para Veroli, Itália, e passou o resto de sua vida espalhando a Boa Nova. Na arte litúrgica da Igreja ela é representada algumas vezes com Maria Cleophas amparando  a Virgem Maria durante a crucificação e/ou presente com Maria Madalena na ressurreição, ou com os filhos João e Tiago em seus braços. Às vezes ela é mostrada no Natal porque existe uma possibilidade de que, como ela era parteira, teria ido ao estábulo em Belém, feito o parto de Maria e se converteu. Santo Ambrósio, estudioso do assunto, diz que existe ainda a possibilidade dela ser irmã de Maria. É padroeira da Veroli, na Itália.
Nicolaus Haberschrack
As três Maris na tumba de Jesus

Nos países do hemisfério sul, no firmamento, temos três estrelas que são chamadas Três Marias em homenagem às Três Marias e na França temos uma cidade com o nome de "Saintes Maries de la Mer" , também em homenagem a elas.
Annibale Carraci 
A Pietá ou As três Marias
National Gallery, Londres

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

21 de Outubro - Santa Úrsula (Virgem e mártir)


Úrsula nasceu no ano 362, filha dos reis da Cornúbia, na Inglaterra. Era uma linda menina, meiga, inteligente e caridosa. Cresceu muito ligada à religião, seguindo aos princípios da fé e amor em Cristo. A fama de sua beleza se espalhou e logo os pedidos de casamento sugiram. Mas, por motivos políticos, seu pai aceitou a proposta feita pelo duque Conanus, pagão, oficial de um grande exército amigo. Quando soube que o pretendente não era cristão, Úrsula primeiro recusou, mas depois, devendo obediência à seu pai e rei, aceitou, com a condição de esperar três anos. Período que achou suficiente para o duque se converter, ou desistir da aliança. Para isso rezava muito junto com suas damas da corte. 
Vittore Carpaccio - 1495
O sonho de Santa Úrsula

Mas parecia ser um matrimônio inevitável. Na época acertada a uma expedição, com dois navios, partiu levando Úrsula e suas damas. Eram jovens virgens como ela e se casariam também, com guerreiros escolhidos pelo duque Conanus. As lendas e tradições falam em onze mil virgens, mas, depois, outros escritos da época e pesquisas arqueológicas revelaram que eram onze meninas. O fato real e trágico foi que, navegando pelo rio Reno, quando chegaram em Colônia, na Alemanha, a cidade estava sob o domínio do exército de Átila, rei dos hunos, povo bárbaro e pagão. 


Logo os soldados hunos mataram todos da comitiva, e das virgens, apenas Úrsula escapou, pois Átila ficou maravilhado com a beleza e juventude da nobre princesa. Ele tentou seduzi-la e lhe propôs casamento. Mas, a custo da própria vida, Úrsula o recusou dizendo que já era esposa do mais poderoso de todos os reis da Terra, Jesus Cristo. Cego de ódio ele pessoalmente a degolou. Tudo aconteceu em 21 de outubro de 383. Em Colônia, uma linda igreja guarda o túmulo de Santa Úrsula e suas companheiras. 
Câmara de Ouro de Colônia
Relíquias de Úrsula e companheiras

Na idade média, a italiana Ângela de Mérici, leiga e terciária franciscana, fundou uma congregação de religiosas chamada Companhia de Santa Úrsula destinada à formação cristã das famílias através da educação das meninas, futuras mães em potencial. Um avanço para as mulheres, pois até então só os homens eram contemplados com a instrução. A fundadora escolheu a Santa Úrsula como padroeira após uma visão que teve. Atualmente as Irmãs Ursulinas, como são chamadas as filhas de Santa Ângela celebrada em 27 de janeiro, estão presentes nos cinco continentes. Com isto a festa de Santa Úrsula, no dia 21 de outubro, se mantem sedimentada e muito robusta em todo o mundo católico.
Hans Holbein, o jovem

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

20 de Outubro - Santa Iria de Portugal (Virgem e mártir)

Capela e convento de Santa Iria - séc. XVI-XVII
Tomar, Portugal

Conta a história que na antiga Nabância (Tomar) nasceu Iria, uma bela jovem. Desde cedo, Iria descobriu a sua vocação religiosa e entrou para um mosteiro. A região era governada pelo príncipe Castinaldo, cujo filho Britaldo tinha por hábito compor trovas junto da igreja de S. Pedro. Um dia, Britaldo viu Iria e ficou perdidamente apaixonado por ela. Ficou doente de amor e, em estado febril e desesperado, reclamava a presença da jovem. Temendo o pior, os pais foram buscá-la. Iria pediu-lhe que a esquecesse, porque o seu coração e o seu amor eram de Deus. Britaldo concordou sob a condição de que ela não pertencesse a mais nenhum homem. Passados tempos, Britaldo ouviu rumores infundados de que Iria tinha atraiçoado a sua promessa e amava outro homem. Furioso, seguiu-a num dos seus habituais passeios ao rio Nabão, apunhalou-a e atirou o seu corpo à água. O corpo de Iria foi levado pelas águas até ao Zêzere e daí ao Tejo. Foi encontrado junto da cidade de Scalabis (Santarém), encerrado num belo sepulcro de mármore. O povo rendeu-se ao milagre e, a partir de então, a cidade passou a chamar-se de Santa Iria, mais tarde Santarém. Cerca de seis séculos depois, as águas do Tejo voltaram a abrir-se para revelar o túmulo à rainha D. Isabel, que mandou colocar o padrão que ainda hoje se encontra na Ribeira de Santarém.

Altar-mor da Capela de Santa Iria em Tomar

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

19 de Outubro - São João da Cruz (Fundador)

anônimo francês - séc. XVIII

O Papa Pio IX, assinalado pelo honroso epíteto "Cruz da Cruz", teve a satisfação de  inscrever no catálogo dos santos Paulo da Cruz, o grande devoto à Sagrada Paixão de Jesus, o benemérito fundador dos Passionistas. 
Este santo, nasceu em 1694, na Itália setentrional e recebeu no batismo o nome de Paulo Francisco.  Os piedosos pais souberam dar a  seu filho uma educação ótima cristã, e em suas instruções, muitas vezes relataram-lhe fatos da vida de penitência que levaram os santos eremitas. Foi neste ambiente de piedade e amor de Deus, que Paulo Francisco nasceu e cresceu. Não podia, pois, faltar, que também ele fosse do mesmo espírito e, menino ainda de poucos anos, se  entregasse aos exercícios de oração e penitência também. Seu lugar predileto era a igreja, ou para acolitar o sacerdote no altar ou para visitar Nosso Senhor no SS. Sacramento.  Este terno amor a Maria Santíssima, teve-o recompensado uma vez com a aparição de Nossa Senhora com o Menino Jesus, e outra vez pela salvação miraculosa de um grande perigo de morte. Nas sextas-feiras se flagelava e seu alimento era um pedaço de pão embebido em vinagre e fel.  
Mestre emiliano do séc. XVII
coleção particular

  Fez estudos em Cremolino, localidade vizinha. Não só revelou bonitos talentos, como entre os condiscípulos se distinguiu pela pureza de costumes, que o fez ser por todos respeitado e amado.  Com alguns de seus  companheiros fez uma santa aliança, com o fim de se solidificarem no amor de Deus  e se familiarizarem com a meditação sobre a Sagrada Paixão e Morte do Salvador.  Entrou com eles na Irmandade de Santo Antônio, sendo ele  nomeado seu chefe. Nesta qualidade, muitas vezes dirigia a  palavra à numerosa assistência dos Irmãos, que muito apreciavam suas alocuções, cheias de sentimento e piedade. 
Quis seu tio sacerdote que,  por interesse puramente materiais, tomasse estado, a que o sobrinho teve esta bela resposta:  "Meu Salvador crucificado, eu vos asseguro, em que vós vejo o meu sumo Bem  e que, possuindo-vos a vós, me basta". Esta vitória sobre sua própria natureza Deus lhe recompensou com um forte desejo, que lhe deu ao martírio. 
Quis  se alistar  entre os soldados de Veneza, para com eles ir combater com os turcos, mas Deus lhe revelou, ser a sua vontade que fundasse uma Congregação de homens que, como missionários, trabalhassem para a salvação das almas. Paulo confiou este segredo ao bispo de Alexandria, o qual, após madura reflexão, aprovou o plano, e em 22 de novembro de 1720, lhe deu o hábito preto com uma cruz branca sobre o peito, encimada esta do Santo Nome de Jesus, e impôs-lhe o nome de Paulo da Cruz. Na mesma ocasião, autorizou-o a ensinar a  doutrina cristã ao povo de Castelazzo. 
Josefa de Óbidos - 1673
Santa Casa de Misericórdia de Figueiró dos Vinhos

Paulo obedeceu;  com o crucifixo na mão, andou pelas  ruas da cidade, chamando o povo para dar atenção às verdades  divinas.  Suas prédicas sobre a Sagrada Paixão, causaram profunda impressão. Os ouvintes choravam, velhas inimizades acabaram de vez;  não mais se ouvia falar de orgias no Carnaval e por toda a parte apareceram dignos frutos de penitência. Ali mesmos,  restringindo a  sua alimentação a pão e água, escreveu a Regra da sua futura Ordem, fez uma romaria a Roma, e com seu irmão João, se retirou para o monte Argentano, perto de Orbitello. A fama do seu zelo apostólico, de sua vida mortificada e santa, fizeram com que o bispo de Toja os chamasse para sua diocese, lhes conferisse as ordens sacerdotais e do Papa Benedito XIII alcançasse a licença para aceitar candidatos em seu noviciado.  
Vida de São João
ícone grego - séc. XIX

Depois  de alguns anos de abençoada atividade, os Irmãos voltaram para o monte Argentano, para proceder à fundação da Ordem. Em breve, aliaram-se-lhes discípulos. A cidade de Orbitello se encarregou de dotá-los de grande convento, de que tomara posse em 1737. 
A finalidade da Ordem, fundada por São Paulo da Cruz é pela  pregação de missões implantar e  firmar, nos corações, o amor de Deus por meio de meditação da Sagrada Paixão e Morte de Jesus Cristo.  Todos os  seus religiosos, aos três votos comuns, acrescentam o quarto,  pelo qual se obrigam a trabalhar pela propagação entre os fiéis da  devoção à Sagrada Paixão.  
anônimo francês do séc. XVIII
Hospital de Baugé, França

A Ordem foi aprovada pelo Papa Bento XIV, em 1741. Deste mesmo Papa é o conceito: "Esta Ordem, que ao nosso ver, devia antes de todas ser a primeira, acaba de  ser aprovada por último". Paulo foi nomeado seu primeiro superior geral.  
Com o estabelecimento oficial da Ordem, as suas obrigações começaram a vigorar. Não é possível enumerar  as Missões que foram pregadas nas cidades e nas aldeias;  e muito menos haverá quem possa contar as  conversões nelas  efetuadas. As prédicas de São Paulo da Cruz sobre a Paixão de Cristo operaram milagres nas almas dos mais empedernidos pecadores. "Padre,  disse-lhe certa vez um oficial militar, eu estive no tumulto da batalha; presenciei terrível canhoneio sem estremecer; mas as suas práticas fazem-me tremer da cabeça aos pés".  Paulo, pregando, parecia ser tomado todo do amor divino;  falando do amor de Jesus na Eucaristia, dos tesouros insondáveis do sacrifício da Missa, ou tratando da devoção da Mãe de Deus dolorosa, seu rosto se transfigurava, e o ardor com que falava, se comunicava aos ouvintes.  

A santa Missa celebrada por ele, era um espetáculo de piedade e de concentração para todos, a quem era dado lhe assistir.  
Os seis Papas, em cujo governo Paulo da Cruz viveu, tinham-no em alta consideração.  Clemente XIV deu à sua Ordem o Convento de São João e Paulo no monte Célio, onde tinham pregado as últimas Missões.
Quando, muito doente, desenganado pelos médicos, mandou ao Santo Padre pedir a bênção para a hora da morte, Pio VI deu ao mensageiro esta resposta:  "Não queremos que o vosso Superior morra agora;  dizei-lhe que esperamos a  sua visita aqui, depois de três dias".  Paulo, ao receber esta ordem, apertou o crucifixo ao coração e disse, em abafado gemido: "Oh, meu Senhor crucificado, quero obedecer ao vosso representante". O perigo da morte desapareceu imediatamente e  três dias depois esteve no Vaticano, cordialmente recebido pelo Papa. 
Viveu mais três anos, cheios de  sofrimentos, mas sempre unido a  Jesus na Sagrada Paixão e a Maria a  Mãe dolorosa, de quem favores especiais recebeu na hora da morte, em 18 de outubro de 1775.  Paulo da Cruz despediu-se do mundo na idade de 81 anos. Sua Ordem chamada a  dos "Passionistas", continua florescente, no vigor e no espírito do seu fundador,  espalhada em  diversos  lugares do mundo.  No Brasil, ela se estabeleceu em 1911, com Casa Provincial em São Paulo.