Francisco de Zurbarán - 1638
Museu Provincial de Belas Artes de Cádiz, Espanha
O Diácono Lourenço, de Origem espanhola, foi levado a Roma pelo papa Sisto II, Ali foi incumbido de administrar os bens da Igreja e socorrer os pobres que eram mantidos pela mesma. O cruel Imperador Valeriano, determinou uma acirrada perseguição à Igreja, seus bispos, sacerdotes e diáconos, e uma das primeiras vítimas foi o Papa Sisto II, que sofreu o martírio em 258. Lourenço acompanhou-o até o lugar do suplício, e com os olhos marejados de lágrimas disse-lhe: “Meu pai, para onde vás sem vosso filho? Para onde o Santo Padre, sem o vosso diácono? Jamais oferecestes o sacrifício, sem que eu vos acolitasse? Em que vos desagradei? Encontraste em mim alguma infidelidade?” O Papa, comovido com estas palavras de dedicação filial, respondeu: “Não te abandono, meu filho! Deus reservou-te provação maior e vitória mais brilhante, pois és jovem e forte; velhice e fraqueza fazem com que tenham pena de mim; daqui a três dias me seguirás.” Tendo assim falado, deu ao jovem diácono instruções sobre os tesouros da Igreja, aconselhando que os repartisse entre os pobres.
Francisco de Zurbarán - 1636
Lourenço atento à solicitação do Santo Padre, procurou todos os pobres, viúvas e órfãos da Igreja e entre eles repartiu o dinheiro. Objetos de outro, prata e pedras preciosas, vasos sagrados de grande valor, tudo foi vendido e com o dinheiro sustentou os milhares de pobres da Igreja. Quando o prefeito da cidade teve conhecimento dos grandes tesouros da Igreja e de que Lourenço era o administrador, mandou chamar-lo em sua presença e disse-lhe: “Nada de ti exijo, que não seja possível realizar. Soube que vossos sacerdotes se servem em vasos de ouro e prata em vossas celebrações e que usais velas de cera, colocadas em castiçais de ouro. Soube, também, que vossa Igreja ordena dar a Cesar o que é de Cesar; trazei-me, pois, todos estes objetos, de que o imperador precisa.” “É verdade, - replicou Lourenço, - a Igreja é rica, mais rica que o Imperador. Concedei-me o prazo necessário, e tudo será arranjado em tempo.” O Prefeito supondo tratar-se de riquezas materiais deu-lhe de boa vontade o prazo de três dias.
Lourenço correndo contra o tempo, foi ao encontro de todos os pobres, viúvas, órfãos, cegos, surdos, mudos, paralíticos, peregrinos e desamparados, para que no terceiro dia estivessem todos à porta da Igreja. No dia e hora marcados, todos em grande multidão, compareceram à porta da Igreja. Lourenço convidou o Prefeito para inspecionar os tesouros da Igreja e apontou para a multidão reunida: “Eis os tesouros da Igreja : os míseros que levam com resignação a cruz de cada dia, carregam o ouro da virtude; são as almas prediletas do Senhor que valem muito mais que pedras preciosas.” O Prefeito vendo-se enganado e iludido, cheio de ódio falou: “É assim que te atreves a ludibriar as Autoridades Reais Romanas? Miserável! Se o teu desejo é morrer, pois bem, hás de morrer, mas uma morte longa e cruel.” Deu a ordem para que Lourenço fosse cruelmente açoitado. Finalmente mandou que trouxessem uma grelha, que foi posta sobre brasas. O Santo foi despido e colocado sobre a grelha incandescente.
Martírio de São Lourenço - Giuseppe Creti, séc. XVIII
Igreja de São Lourenço em Lucina, Roma
Martírio de São Louenço - escola flamenga, séc. XVII
Los Angeles County Museum
Martírio de São Lourenço
Goya
Santo Ambrósio escreveu que eu rosto brilhava como um fogo divino, e de seu corpo exalava um suave perfume que inebriava a todos.Lourenço demonstrava uma paz inigualável; seus lábios esboçavam um discreto sorriso; e com mansidão disse ao Juiz: “Se desejares, podeis dar ordem para que me virem, pois já estou bastante assado deste lado!”
O Santo mártir rezava pela conversão de Roma, cidade eterna regada com o sangue dos apóstolos Pedro e Paulo. Seus últimos momentos foram de louvor e adoração; era o dia 10 de agosto de 258.
Marco Antonio Franceschini, séc. XVII
Igreja Real de São Lourenço, Turim
São Prudêncio era da opinião que a conversão de Roma, foi fruto do martírio de São Lourenço. São Leão assim expressou seu martírio: “As chamas não puderam vencer a caridade de Cristo; e o fogo que queimava por fora foi mais fraco do que aquele que lhe ardia por dentro.”
Relicário do dedo de São Lourenço, séc. XIII
Museu do Louvre, Paris
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