Muitas são as lendas e hipóteses sobre Santo Herculano, e é difícil traçar um quadro histórico satisfatório. Certo é que, sob o reinado do imperador Justiniano, no ano 552, Herculano foi eleito bispo de Bréscia. Viveu a sua missão de pastor, empenhou-se na pregação do Evangelho, rezou por seu rebanho e pregou o perdão e a santificação das almas. Ele foi o 19° Bispo de Bréscia e exerceu o seu ministério no século VI. Diz-se ter visto Cristo com os Apóstolos como pobres, e enquanto lhes entregava pães, estes foram transformados em pedras preciosas. Foi abade em um mosteiro da cidade, e com suas orações restituiu à vida dois mortos. Pássaros, peixes e animais terrestres obedeciam ao seu chamado, e viu, também, anjos que lhe traziam alimento dos céus.
Como se lê na epígrafe da lápide do altar da Igreja de Maderno sul Garda (foto abaixo), Herculano nasceu na Alemanha, no século VI, filho de nobres e ricos pais, Onorato e Arissa, que há tempos pediam a Deus com orações, jejuns e esmolas, um filho. E o tiveram. Desde cedo, seus pais viram-no inclinado ao sacerdócio e observavam o seu amor aos pobres. Aos 15 anos ele meditava como abandonar as riquezas e as delícias do mundo para dedicar-se a Cristo.Da Alemanha, transferiu-se para a província de Bréscia, para a cidade de Campione sul Garda. Naquela época a Itália foi invadida pelos Godos e Lombardos, povos bárbaros que não foram nada complacentes com a população. Vale lembrar que os invasores eram vistos como hereges e criavam problemas para os bispos, tanto que o arcebispo de Milão, Honorato, abandonou a cidade para refugiar-se em Gênova. O mesmo poderia ter acontecido a Herculano, que de Bréscia transferiu-se para Campione sul Garda graças às perseguições e dos bárbaros invasores. Na época, o bispo era a única autoridade e força moral. Herculano ensinou ao povo a oração pela paz, a mortificação do corpo para livrar-se do hedonismo. Foi amado e estimado pelos habitantes das margens do Como. Foi estimado em vida e em morte.
Narra-se que em 1768, após uma milagrosa pesca de 2916 carpas, durante a missa comemorativa de 12 de agosto, todos os pescadores da zona atribuíram o feito ao Santo. Praticava severos jejuns e morava em uma gruta. Os pescadores da região levavam ao santo o melhor produto do seu trabalho, mas ele distribuía os peixes aos pobres. Prevendo a sua morte, foi ao encontro de um seu amigo barqueiro e pediu-lhe um barco emprestado, dizendo que precisava daquele meio, pois abandonaria “aquele pedaço de terra para ir em direção à praias mais amplas, em direção ao sol”. Mas as praias mais amplas e o sol, além do céu, significavam o amplo golfo de Maderno, onde seu corpo teria encontrado descanso. O homem deu-lhe a barca, e esta levou o corpo do santo morto até a praia que margeia a praça da cidade de Maderno.
Relíquias do Santo durante a missa do dia 12 em Maderno
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