O afresco da "Madonna della Vita" representa a Virgem sentada no trono, enquanto encosta seu rosto naquele do Menino Jesus. Tal representação se refaz ao modelo do ícone Glycophilousa (do grego: aquela que beija docemente), caracterizada por uma postura de profunda ternura da mãe pelo filho.
No caso particular da Madonna della Vita, onde o menino toca com a mão o rosto da mãe, o formalismo do modelo mais antigo do ícone foi interpretado segundo as linhas da pintura gótica do século XIV. Os olhos alongados, o desenho das mãos longas e finas, assim como as cores das vestes e a composição, estão claramente ligadas à pintura bizantina, mas a rígida posição é contrastada pelos traços leves dos rostos, principalmente pela expressão sorridente da Virgem.
Por suas características estilísticas a obra foi atribuída a Simone dei Crocifissi (documentado entre 1355 - 1399), discípulo de Vitale da Bologna, ou do sobrinho Lippo di Dalmasio, ou Lippo delle Madonne (documentado entre 1375 e 1410), dois intérpretes da pintura bolonhesa dos Trezentos, particularmente ligados à produção de ícones e polípticos de devoção mariana.
Notícias históricas
Segundo a tradição uma imagem da Virgem com o menino foi afrescada na parede leste, durante a construção da primeira igreja, construída em 1286 pela Companhia de Santa Maria della Vita. Com a ricostrução de 1502, o afresco, desprovido de qualquer interesse, foi coberto por uma camada de reboco e dele foram perdidas as pistas.
Em 10 de setembro de 1614, durante os trabalhos de restauro da igreja, a antiga imagem foi redescoberta, ainda em bom estado de conservação. Tida como milagrosa, tornou-se objeto de veneração, cujo culto foi mantido por uma Confraria que a elegeu protetora do adjacente Hospital, e de seus doentes. A imagem foi recolocada em um novo altar em 1617, e o pintor Ludovico Carracci (1555 - 1619), em sua homenagem, desenhou um novo frontão para a sua exposição.No desabamento da construção, ocorrido em 1686, o afresco ficou ileso, e foi removido durante os trabalhos de reconstrução do prédio, ao final dos quais, foi colocado no altar onde até hoje se encontra.
Todo o dia 10 de setembro, celebra-se uma festa em memória do achado da imagem, e é também exposta no altar, uma preciosa miniatura do século XVII, contornada e coroada de diamantes, com o retrato de esmalte do Rei Sol. A jóia, atribuída a Jean Petitot (1607 - 1691), foi um presente do próprio Luís XIV (imagem acima)ao canônico Carlo Cesare Malvasia, que em 1678 lhe havia dedicado a sua obra, "Felsina Pittrice".
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