Natividade da Virgem - mosaico
Pietro Cavallini - 1291
Igreja de Santa Maria in Trastevere - Roma
A fonte mais antiga e tida como aceitável pela Igreja que ilustra o nascimento e a infância de Maria, é o Protoevangelho de Tiago, datável do século II d.C. No texto são descritos momentos importantes de sua vida: o casamento de seus pais Joaquim e Ana da tribo de Judá, da estirpe de Achar, a sua concepção após 20 anos sem prole, o nascimento da menina e a sua apresentação no templo de Jerusalém.
Vittore Carpaccio - 1505
Academia de Carrara
A sorte da casa natal de Maria não é muito diferente daquela da cidade de Jerusalém, com perseguições, destruição do templo, dispersão dos judeus, e outros. Com a chegada do Imperador Constantino, e de sua mãe Helena, na primeira metade do século IV, após a liberdade dada aos católicos, abriu-se uma nova era na Terra Santa; as excavações permitiram encontrar, entre outras coisas, as ruínas de um oratório construído sobre o localo onde a tradição indicava como a casa natal de Maria.
Com o III Concílio de Éfeso, de 431, que sancionou a legitimidade do título de “Mãe de Deus”, houve um florescimento de festas marianas no calendário litúrgico, dentre as quais: a Natividade, a Apresentação no Templo, a Anunciação e a Dormição.
Giovanni di Paolo di Grazia
Palácio Doria-Pamphjli - Roma
A data da festa da Natividade de Maria foi fixada em Jerusalém, na primeira metade do século V, aos tempos do patriarca Juvenal e da imperatris Eudóxia, em 8 de setembro, na ocasião da dedicação da Basílica de Santa Maria, edificada sobre a casa natal de Maria.
A data foi escolhida tendo como base o antigo ano litúrgico, que iniciava no mês de setembro; de fato a festa precede e anuncia as festas do primeiro pólo, Natal e Epifania; era seguido do pólo cristológico, Páscoa e Pentecostes, acompanhado pela Assunção da Virgem, que encontrava-se, então, no fechamento do ano litúrgico.
De Jerusalém a festa foi levada para Constantinopla: o primeiro documento que atesta a festa é um hino composto pelo Romano Melode, composto antes de 548: como diácono ele cantava o proêmio e as estrofes, fazendo com que os demais presentes repetissem a estrofe final. A primeira comemoração mariana conhecida em Roma é aquela da quarta-feira do Tempo IV do Advento, introduzida pelo papa Leão Magno (440-461) na liturgia romana. Por volta de 595 o papa Gregório Magno (590-604) inaugurava a oitava do Natal, considerada a primeira festa mariana da liturgia latina.
Em Roma, nos séculos V e VI, era presente uma numerosa colônia grega que introduziu no mundo latino as festas de origem oriental, dentre as quais a da Natividade. Atribui-se ao Papa Sérgio I (687-701), nascido em Antióquia e faz parte do grupo de papas de origem oriental que ocuparam a cadeira pontifícia entre os séculos VI e VII.
De Roma a festa difundiu-se para todo o Ocidente e tornou-se popular na na Idade Média. A partir do século XI a festa adquiriu importância, tornando-se festa de preceito. Em 1243 o Papa Inocêncio IV estabeleceu que a Natividade fosse uma festa obrigatória para a igreja latina. No século XIV a festa mereceu também a sua vigília, prescrita por Gregório XI (morto nel 1378), instituindo um jejum e compondo-lhe uma missa.
Culto bizantino
ícone - Rússia Central - séc. XVII
No dia 8 de setembro, celebra-se a festa da Natividade da SS. Mãe de Deus e sempre Virgem Maria, que é a primeira das Doze grandes festas do ano litúrgico bizantino. Para as festas com data fixa, o ano litúrgico começa no dia 1º de setembro; tempos atrás, essa data registrava também o início do ano civil no Oriente. Esse costume tem sua origem numa tradição hebraica que fixava o início do novo ano ao Tishri, período que corresponde ao nosso setembro-outubro. Portanto a primeira grande festa litúrgica é mariana, como também a última do ano, a do 15 de agosto, como a confirmar o grande amor que tem para com a Mãe de Deus o Oriente que a viu nascer e crescer em perfeita conformidade ao plano de Deus. Também os cristãos do Ocidente celebram o nascimento de Maria Santíssima na mesma data, porém com menor solenidade. Essa festa mariana teve sua origem em Jerusalém na metade do século V, onde permanecia viva a tradição da dedicação da igreja construída no lugar onde surgia a casa dos santos Joaquim e Ana. No século VI a festa foi introduzida em Constantinopla e mais tarde em Roma.
ícone - Rússia Central - séc. XVIII
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